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Na corrida do PIB, México perde do Brasil — mas leva a melhor

Com poucas reformas e baixa credibilidade, Brasil perde oportunidades de investimentos para outros países latino-americanos

Por Marília Carrera
27 fev 2014, 09h39

Com expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% em 2013, a economia brasileira apresentou um desempenho fraco quando comparada a outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia e Peru. Há ainda o México que, embora tenha avançado apenas 1,1% no ano passado, segue como ‘queridinho’ dos investidores e pode ser o destino do capital que tem deixado o Brasil ao longo dos últimos meses. Em fevereiro, a Moody’s elevou o rating do país de Baa1 para A3, acima do Brasil, que, por sua vez corre o risco de ter seu rating rebaixado de BBB para BBB- por outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor’s.

A América Latina que funciona – ou seja, que tem concretizado reformas e abre sua economia ao investimento externo – teve razões para celebrar em 2013. O PIB do Peru cresceu espetaculares 5% em 2013. Os dados de Chile e Colômbia ainda não foram divulgados, mas, de acordo com estimativas do banco Barclays, as economias de ambos devem registrar um crescimento de 4,4% e 4,2%, respectivamente. A Argentina tampouco divulgou os números do PIB. Mas, o espantoso é que, mesmo com a inflação disparada (consultorias apontam alta anual de mais de 30%) e o caos econômico instaurado por Cristina Kirchner, o país vizinho deve apresentar uma expansão semelhante à do Brasil, da ordem de 2%. “Olhando para outros países, como México, Chile, Colômbia e Peru, percebemos que eles realmente ganharam terreno em relação ao Brasil, o que deve continuar em 2014, devido às suas políticas monetárias um pouco mais expansionistas e a inflação mais controlada”, afirma o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.

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Apesar de ser a maior economia da América Latina, economistas apontam que o Brasil está perdendo espaço para outros países da região devido a problemas relacionados ao intervencionismo do governo em setores estratégicos da economia, como energia e petróleo, à deterioração das contas públicas e ao aumento da inflação. Fatores externos também têm seu peso, dentre eles, a redução do programa de estímulos monetários norte-americano, que diminui a circulação de dólares nos mercados globais, e a desaceleração do crescimento da economia chinesa, que prejudica os países produtores de commodities, sobretudo, o Brasil.

“Alguns países da América Latina, ao contrário do Brasil, fizeram uma boa política externa, com acordos bilaterais e, na política interna, não fizeram intervenções e medidas de controle de preços, o que os propiciou uma maior atratividade de investimentos”, afirmou Velho. “Colômbia, Chile, México e Peru, por exemplo, formaram a Aliança do Pacífico, além de fazerem parte de outros acordos que ampliam suas atuações no mercado internacional, enquanto o Brasil se manteve no Mercosul, que está parado e permite relações com pequenas economias, como o Paraguai”, acrescentou.

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Fuga – Este conturbado cenário tornou o Brasil menos atrativo aos olhos dos investidores, que, em busca de rentabilidade, decidiram aplicar seu dinheiro em países com melhores fundamentos econômicos. Também pesou o fato de o fim dos estímulos do Fed impactarem os juros futuros dos Estados Unidos. As aplicações em títulos do Tesouro americano, considerada as mais seguras do mundo, estão com rentabilidade próxima de zero (ou negativa, em alguns casos). Mas a perspectiva de alta dos juros no país fez com que houvesse uma corrida por títulos do governo americano. O Brasil já sentiu no ano passado os reflexos da saída de capital, quando as contas externas do país registraram déficit de 81,374 bilhões de dólares, o pior resultado da série histórica do Banco Central, iniciada em 1947.

A ressaca ocorre porque, na avaliação dos economistas, o Brasil não aproveitou o período de bonança para implementar reformas estruturais. Durante o período de maior circulação de capital, decorrente do programa bilionário de compra de ativos do banco central norte-americano, países da América Latina aproveitaram o ingresso de divisas para realizar amplas reformas com o objetivo de impulsionar a atividade econômica e ganhar, cada vez mais, a confiança do investidor. No ano passado, o México, por exemplo, anunciou reformas no setor de energia com o objetivo de atrair empresas privadas para a exploração de petróleo, enquanto o Brasil preocupou-se em desenvolver políticas de incentivo ao consumo.

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“Determinados países da América Latina, no momento de farta disponibilidade de capital externo, aproveitaram para elevar suas taxas de investimento, com o avanço de reformas estruturais, enquanto o Brasil ficou parado e utilizou o dinheiro vindo de fora para estimular o consumo”, explicou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. “O país terá de pagar o preço por suas decisões equivocadas, que acabaram minando a confiança do investidor em uma época de escassez de liquidez global. A competição pelo capital externo está cada vez mais acirrada e os países que realizaram mudanças estruturais estão em vantagem”.

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