Mudanças no IPI derrubam vendas da Peugeot Citroën na América Latina
Benefício a carros populares e aumento do imposto para importados prejudicam vendas do grupo francês na região
O aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados e a redução do tributo para carros populares no Brasil prejudicou o resultado da montadora francesa PSA Peugeot Citroën em 2012. A avaliação está no balanço anual da companhia divulgado nesta quarta-feira. Segundo a empresa, apesar de o mercado de veículos ter crescido no ano passado na América Latina, especialmente no Brasil, a Peugeot e a Citroën perderam espaço na região.
Segundo o balanço, a demanda no Brasil puxou o mercado latino-americano de veículos em 2012, que cresceu 5,6% na comparação com 2011. Apesar disso, as vendas do grupo PSA Peugeot Citroën caíram 8,3% e as duas montadoras terminaram o ano passado com 277 mil unidades vendidas na América Latina.
“No Brasil, o imposto sobre a venda de veículos importados ajudou principalmente o segmento de veículos populares, mercado em que o grupo não tem presença”, cita o balanço. Outro motivo, diz a empresa, foram as obras de ampliação da fábrica de Porto Real, no interior do Rio de Janeiro. Segundo o balanço, esses trabalhos afetaram negativamente a produção.
Outros mercados – Nos demais mercado emergentes, as vendas cresceram 4,4% na Argentina, 7,4% na Rússia e 9,2% na China. A expansão nesses emergentes compensou a queda das vendas na Europa. Com isso, as filiais de fora da Europa respondem por 38% das vendas do grupo. Em 2015, a montadora quer alcançar 50% da receita fora da Europa.
Para 2013, a filial brasileira da empresa aposta as fichas na retomada do crescimento das vendas com o início da produção do modelo Peugeot 208 na fábrica do interior do Rio. A montadora também prevê reforço das vendas do Citröen C3, o que deve ajudar na melhora dos números no final destre ano.
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Resultado global – A Peugeot Citroën informou ainda que suas vendas globais recuaram 17% em 2012 ante o ano anterior, em parte por causa da suspensão das vendas de kits de veículos para seu parceiro iraniano – as peças são fabricadas pela matriz ou por um centro de produção para ser exportadas prontas para montagem em outro país.
A decisão da montadora, em fevereiro do ano passado, de interromper as vendas ao Irã ocorreu por causa das sanções internacionais impostas ao país. Em 2011, a Peugeot Citroën vendeu 457 900 kits de carros aos iranianos.
A Peugeot Citroën é a segunda maior montadora da Europa em volume, depois da alemã Volkswagen. Suas vendas totais em 2011 foram de 2,97 milhões de veículos, incluindo kits de carros parcialmente montados. Excluindo-se os kits, as vendas caíram 8,8% em 2012, para 2,82 milhões de unidades.
A Peugeot Citroën foi mais afetada pelo resultado no sul da Europa, região responsável pela maior parte das vendas. No mercado francês, a queda foi de 13% em 2012, na Espanha houve recuo de 15% nas vendas e na Itália a redução foi ainda maior, de 21% – refletindo a desaceleração econômica nesses países. As medidas de austeridade adotadas na região, a alta do desemprego e a queda no poder de compra levaram muitas famílias europeias a adiarem planos de trocar de carro.
(Com Estadão Conteúdo)