STJ ordena retirada da MRV de lista negra do Ministério do Trabalho
Maior parceria do programa Minha Casa, Minha Vida, construtora foi flagrada com trabalhadores em condições análogas à escravidão em uma obra em Curitiba
A construtora e incorporadora MRV Engenharia informou nesta quarta-feira que uma decisão da presidência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou a retirada do nome da companhia do Cadastro de Empregadores do Ministério do Trabalho, lista que relaciona empresas acusadas de infringir normas trabalhistas. Em comunicado ao mercado, a MRV também reiterou o seu compromisso na “adoção de políticas internas visando à garantia dos direitos de seus trabalhadores e dos trabalhadores de seus fornecedores e, ainda, a estrita observância das leis brasileiras, especialmente as de natureza trabalhista”.
A MRV entrou no cadastro de empregadores no dia 2 de janeiro. De acordo com informações do Ministério do Trabalho, a MRV respondia pela terceirização ilícita de trabalhadores em um prédio residencial em Curitiba construído em 2011. Na época, o ministério explicou que para essa obra, a MRV contratou parte dos trabalhadores por intermédio de empresas empreiteiras fornecedoras de mão de obra, dentre as quais a V3 Construções Ltda, que foi alvo da ação fiscal. O ministério afirmou ter flagrado a V3 mantendo trabalhadores em regime análogo ao de escravidão.
Diante da ocorrência, foram lavrados onze autos de infração contra a MRV, em especial, os decorrentes de admitir ou manter empregado sem o respectivo registro; deixar de manter o alojamento em permanente estado de conservação, higiene e limpeza; manter o canteiro de obras sem local de refeições e manter canteiro de obras sem instalações sanitárias.
Na época, a MRV explicou que, em março de 2011, foi firmado um termo de ajustamento de conduta (TAC) em que a empresa V3 se responsabilizou por todas as infrações levantadas pela fiscalização. Neste TAC, a V3 Construções assumiu todos os compromissos para a regularização das condições de trabalho de seus operários. Assim sendo, a MRV não foi diretamente responsabilizada pelo fato que gerou a sua inclusão no cadastro do Ministério do Trabalho.
Durante essa tramitação, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil suspenderam em janeiro novos financiamentos à MRV, que é a maior parceira do governo federal no programa Minha Casa, Minha Vida. Os bancos ainda não se manifestaram sobre uma possível retomada dos financiamentos.
Leia também:
MRV permanece na lista de trabalho escravo, diz STJ
Caixa barra novos contratos com MRV por trabalho escravo
Empreiteira explora trabalhadores em canteiro do Minha Casa, Minha Vida
(com Estadão Conteúdo)