Quadro político pesa, e Bovespa recua 2,59%
Novos desdobramentos no STF dos processos contra o ex-presidente Lula e acordo de delação do empresário Marcelo Odebrecht com a Justiça impuseram cautela aos negócios
As recentes notícias do cenário político aumentaram o grau de incerteza, levando os investidores a adotar uma postura de maior cautela nos negócios com moedas e ações. Com isso, a Bovespa teve nesta quarta-feira uma sessão de correções e caiu 2,59%, aos 49.690 pontos. Foram negociados pouco mais de 6 bilhões de reais, o que representa cerca de 40% da média diária de março.
A principal justificativa para o comportamento mais cauteloso foi a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, na noite desta terça-feira, de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A vitória parcial de Lula na batalha jurídica em torno das investigações que o envolvem enfraqueceu as apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Assim, o mercado partiu para correções em suas posições compradas em ativos brasileiros.
Também tiveram influência negativa as notícias relacionadas à Odebrecht. Horas depois do anúncio de adesão dos executivos da construtora à delação premiada foram reveladas listas com nomes de mais de 200 políticos, de dezoito partidos, que teriam recebido doações do grupo. O mercado recebeu com cautela os dados da lista, devido à incerteza quanto à legalidade das contribuições. De todo modo, a ausência do nome de Michel Temer na lista gerou certo alívio por não indicar inviabilização da substituição da presidente pelo vice. As delações da Odebrecht ainda não começaram.
O cenário internacional não foi amigável ao risco, o que acabou por reforçar essa tendência. Os preços do petróleo tiveram fortes perdas nos mercados de Londres e Nova York e influenciaram negativamente as bolsas americanas, pressionadas pelas quedas das ações do setor de energia.
Entre as ações negociadas na Bovespa, as quedas mais significativas ficaram com as blue chips (ações mais negociadas) e as do setor financeiro. Petrobras ON e PN caíram 5,34% e 4,07%, respectivamente, enquanto Vale ON e PNA recuaram 8,49% e 7,08%, respectivamente. Entre as ações que compõem o Ibovespa, Braskem PNA liderou as quedas, com perda de 11,73%, devido à repercussão do noticiário envolvendo a Odebrecht, sua controladora.
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(Com Estadão Conteúdo)