Líderes da União Europeia concordam com disciplina fiscal
Há consenso sobre conteúdo, diz fonte. Mas falta definir formato jurídico da proposta. Debate é tenso: antes de reunião, Sarkozy e Cameron discutiram
Os dirigentes da União Europeia (UE) chegaram a um acordo preliminar nesta quinta-feira sobre o endurecimento da disciplina fiscal na zona do euro, durante a cúpula de líderes da região que ocorre em Bruxelas, informou um diplomata à Agencia France-Presse. “Há um acordo de princípio sobre o conteúdo, mas falta resolver a forma” jurídica, disse a fonte.
O caminho para que os detalhes sejam acertados, porém, parece ainda longo. Antes mesmo de a reunião de cúpula ter início, o premiê inglês, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, bateram boca.
As autoridades europeias iniciaram nesta quinta-feira, em Bruxelas, o que muitos consideram como a “última oportunidade” para salvar o euro. “Há um acordo sobre o conteúdo”, mas ainda persistem divisões entre França e Alemanha, de um lado, e o restante da zona do euro e da UE sobre como obter a união fiscal.
Sarkozy e Angela Merkel tinham divulgado na quarta-feira uma proposta detalhada para a reforma europeia. A chanceler alemã e o presidente francês defendem uma reforma dos tratados que inclua a imposição de sanções automáticas aos países que violem o teto do déficit europeu: 3% do PIB. Para facilitar a adoção da medida, a dupla propôs limitar a reforma do tratado aos 17 países da zona do euro, deixando a porta aberta para futuras adesões.
Angela Merkel advertiu no início do encontro que essa reunião é chave para restituir a credibilidade do euro, e que o caminho é o endurecimento da disciplina fiscal. Já Sarkozy disse que “não teremos uma segunda oportunidade”. “Quanto mais tarde tomarmos esta decisão, mais custosa e menos eficaz ela será”.
Além da proposta de reforma dos tratados para reforçar a disciplina fiscal, com a imposição de sanções automáticas, os 27 países da UE discutirão a ideia do presidente do grupo, Herman Van Rompuy, de dar ao mecanismo de estabilidade financeira (MEDE) – que substituirá o fundo de resgate europeu – os mesmos poderes que o de um banco, o que lhe permitiria pedir dinheiro ao Banco Central Europeu (BCE). Os líderes também devem voltar a debater a emissão de eurobônus para amortizar a dívida dos Estados.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, por sua vez, descartou nesta quinta-feira uma intervenção maior do organismo na crise, o que provocou fortes quedas nos mercados de ações.
(com Agence France-Presse)