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Indústria corta empregos, mas custos se mantêm

Apesar de enxugar número de vagas, demissões emperram redução de gastos em empresas do setor

Por Da Redação
26 out 2014, 09h18

Apesar de meses de cortes no número de empregados, a indústria não consegue enxugar os gastos com a folha de pagamento em ritmo satisfatório. Segundo a consultoria Tendências, a folha de pagamento real por hora trabalhada mantém a tendência de perda de fôlego, com alta de 2,9% nos 12 meses encerrados em agosto, contra um aumento de 4,9% no mesmo mês de 2013. Entretanto, a taxa de crescimento ainda é muito superior à da competitividade, que aumentou apenas 1,2% nos 12 meses encerrados em agosto.

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Entre os principais motivos dos entraves para reduzir os gastos com a folha de pagamento está o alto custo das demissões e a escassez de mão-de-obra qualificada, segundo Rafael Bacciotti, economista da Tendências responsável pelo levantamento baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A população economicamente ativa vem diminuindo ao longo dos últimos trimestres e há um problema de qualificação da força de trabalho”, diz Bacciotti.

O poder de barganha dos trabalhadores também diminuiu. A desaceleração do ritmo de crescimento da folha de pagamento na indústria mostra que houve uma redução no ímpeto das negociações. Segundo o economista, os trabalhadores já não conseguem mais aumentos na mesma proporção que conseguiam antes. “A folha nominal também traz movimento de desaceleração nos aumentos”, diz Bacciotti, que acredita que a inflação em alta nos últimos meses não tenha impactado o crescimento da folha de pagamento da indústria.

Cortes em alta – Em crise, a indústria corta vagas há 35 meses consecutivos, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), realizada pelo IBGE. No entanto, a folha de pagamento só encolheu entre junho e agosto, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto o número de empregados diminuiu 2,7% no ano, a folha de pagamento cresceu 0,4%.

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Segundo Rodrigo Lobo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE, os gastos com demissões explicam o aumento das despesas com a folha, apesar do corte de funcionários. “Faz parte da composição da folha de pagamento a renda proveniente de demissão”, diz Lobo.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, mostra que a tendência de corte de postos de trabalho na indústria se manteve em setembro. O parque industrial das seis principais regiões metropolitanas do país cortou 59.000 pessoas em apenas um mês. As demissões somam 238.000 vagas em um ano. “No ano, a indústria é a atividade que ostenta a maior perda de pessoal”, diz Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A piora no mercado de trabalho no setor industrial, segundo Leandro Horie, economista do Dieese, reflete as quedas na produção e no PIB industrial nos últimos anos. “Desde 2009, a indústria, tanto em termos de emprego quanto de produção, oscila dentro de uma média. Quedas são seguidas de recuperação, mas ela volta ao patamar de antes da crise internacional e não sai disso.” Segundo ele, há também uma crise estrutural, devido à falta de inovação, câmbio desfavorável, falta de competitividade e vazamento de demanda para importados. “O custo da mão-de-obra é o menor dos problemas”, diz Horie.

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(Com Estadão Conteúdo)

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