Fundo estatal assumirá Malaysia Airlines e quer “revisão completa” da companhia
Após dois acidentes com aviões em quatro meses, empresa aérea vive momento de turbulência e vai fechar capital
O governo da Malásia vai realizar uma “revisão completa” na sua companhia aérea nacional em uma tentativa de reavivar a deficitária companhia após ela sofrer dois desastres aéreos em apenas quatro meses. O fundo estatal Khazanah Nasional vai assumir o controle da Malaysia Airline e está oferecendo 436 milhões de dólares por mais ações da empresa – ele já possui uma fatia. O investidor disse que precisará de cooperação “de todos os envolvidos” para realizar a reestruturação.
O primeiro passo será deixar também a bolsa de valores. A intenção do governo é fechar seu capital para amenizar sua exposição à volatilidade do mercado de ações e promover as mudanças internas mais rapidamente.
A ideia é reestruturar operações, cortar gastos e mudar a gestão dos negócios da empresa. É possível que rotas menos rentáveis deixem de existir, a folha de pagamentos seja reduzida com demissões e novos executivos assumam a direção.
Uma mudança completa da imagem corporativa da companhia aérea, que divulgou prejuízo nos últimos três anos, pode também ser considerada, uma vez que ela precisa lidar com a confiança abalada do consumidor após as duas tragédias. As vendas da companhia caíram bastante, devido à crise de confiança que se formou ao redor da possibilidade de acidentes.
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Os problemas da Malaysia começaram em 8 de março, com o desaparecimento do voo MH370 com 239 passageiros e equipe. A crise da companhia aérea se aprofundou em 17 de julho, quando outra aeronave, o voo MH17, foi abatido no espaço aéreo da Ucrânia, matando todas as 298 pessoas a bordo.
Logo após o segundo acidente, o analista financeiro Mohshin Aziz, especialista em setor aéreo, disse em entrevista à rede alemã Deutsche Welle que a falência seria factível. Ele lembrou que nunca, em 100 anos de história da aviação, uma companhia aérea precisou lidar, em tão pouco tempo, com dois desastres da magnitude que a Malaysia enfrentou. “O futuro da companhia parece desastroso, e o recente incidente na Ucrânia vai tornar as coisas ainda piores. Eu não sei como a Malaysia Airlines poderá sobreviver no curto prazo”, afirmou o analista.
Ele também comentou que a falta de confiança de passageiros gerada após a queda dos dois Boeings 777 – voos MH370 e MH17 – “já é uma realidade” e que em alguns lugares, como Austrália e China, o preço de passagens já caiu. “Se a percepção de segurança não estiver presente, você pode reduzir o preço o quanto quiser que a demanda continuará fraca.”
(Com agência Reuters)