Fórum de Davos busca novos modelos para reformar o capitalismo
Evento terá início na próxima quarta-feira e não contará com a presença da presidente Dilma Rousseff
Em um contexto de desaceleração econômica, alto nível de desemprego e risco crescente de aumento do protecionismo, o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) – que na quarta-feira inicia seu encontro anual na cidade suíça de Davos – pretende abrir o debate sobre a reforma do capitalismo, sob o lema A grande transformação: desenvolver novos modelos.
“O capitalismo, sob a forma atual, já tem seu lugar no mundo que nos rodeia”, admitiu o fundador deste fórum em 1971, o professor de economia Klaus Schwab, de 73 anos. “Fracassamos em aprender as lições da crise financeira de 2009. É preciso uma transformação mundial urgente, que deve ser iniciada com o restabelecimento de uma forma de responsabilidade social”, disse Schwab, para quem o talento será o fator determinante do futuro.
Para ele, é preciso a colaboração dos países emergentes, cujos principais expoentes são Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul – reunidos pelo acrônimo BRICS. Para Schwab, tais países devem concluir seus processos de transformação, investir em infraestrutura e em empresas sustentáveis. Para isso, na avaliação do professor, é preciso um sistema comercial aberto, finanças internacionais mais resistentes, contas públicas sustentáveis, reformas estruturais e a redução das desigualdades, afirmam analistas.
Nesse sentido, espera-se que o G20, que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes do planeta, possa apresentar em sua próxima reunião de junho no México um ambicioso plano de ação para a realização das reformas necessárias.
Contudo, além da desaceleração da economia mundial provocada em boa parte pela crise da dívida na zona do euro, o planeta tem outros desafios de peso, como a segurança cibernética e o aumento da demografia, alerta o WEF, em seu relatório 2012.
Durante os cinco dias do evento, participarão vários chefes de estado e de governo, como o primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente israelense Shimon Peres, e o secretário americano do Tesouro, Timothy Geithner. A chefe do governo alemão, Angela Merkel, pronunciará na quarta-feira o discurso inaugural do encontro.
As instituições internacionais também estarão bem representadas: a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) Mario Draghi, o diretor da Organização Mundial de Comércio (OMC) Pascal Lamy e o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.
A presidente Dilma Rousseff não comparecerá e enviará em seu lugar o chanceler Antonio Patriota e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Segundo informações da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Dilma não conseguiu uma brecha em sua agenda para se deslocar até a Suíça.
Mais de 2.600 empresários, políticos, responsáveis por ONGs, cientistas políticos e centenas de jornalistas do mundo inteiro participam a cada ano do evento. Também devem estar presentes membros do movimento “Occupy WEF” (Ocupemos o Fórum Econômico Mundial), que devem organizar manifestações contra as políticas econômicas, as desigualdades crescentes e a destruição do planeta.
(Com agência France-Presse)