FMI aponta maior risco fiscal no Brasil e recomenda reformas
Diretora argumenta que incentivar os bancos públicos a conceder empréstimos buscando estimular o mercado local de crédito aumentou o risco do país
O risco fiscal cresceu no Brasil recentemente e o governo precisa fazer uma série de reformas para aumentar a eficiência do gasto público e a expansão potencial do país, avalia a diretora do Departamento de Assuntos Fiscais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Martine Guerguil, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira.
A diretora destacou que, nos últimos anos, o Brasil tem usado a política fiscal como forma de diminuir os efeitos da desaceleração da economia global na atividade econômica. O governo, segundo ela, tem adotado instrumentos diferentes e um deles foi incentivar os bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a emprestar mais para estimular o mercado local de crédito. Na visão dela, esse foi um dos fatores que levaram o risco fiscal a aumentar no país. “À medida que o crescimento comece a se recuperar no Brasil, seria particularmente apropriado que o país levasse adiante um número de reformas fiscais”, afirmou Martine.
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O FMI divulgou nesta quarta o relatório Monitor Fiscal, em que conclui que os países desenvolvidos reduziram suas taxas de dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos. Nos emergentes, ocorreu o oposto e o risco fiscal aumentou, com uma deterioração nas contas dos governos. “O Brasil foi certamente um dos países onde o risco fiscal cresceu recentemente”, disse a executiva.
Martine declarou ainda que o país deveria incorporar no balanço do governo os títulos do Tesouro na carteira do Banco Central. “Com isso, se teria melhor ideia dos custos e benefícios dessas políticas”, disse, referindo-se à estratégia de usar os bancos públicos para estimular o crédito. A dívida bruta do Brasil em relação ao PIB deve ficar em 68,3% este ano, prevê o FMI, número acima da média dos principais países emergentes (33,4%). Para o ano que vem, a estimativa é que o porcentual avance para 69%.
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(com Estadão Conteúdo)