FMI: política monetária dos EUA é do interesse do Brasil
Diretor do Fundo criticou declaração do ministro Mantega contra a política monetária americana
Ao Brasil interessa que a economia dos Estados Unidos não entre em recessão, mesmo que, para isso, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decida imprimir mais dólares, declarou nesta sexta-feira o diretor associado para América Latina do Fundo Monetário Internacional (FMI), Saul Lizondo. “Os Estados Unidos estão adotando medidas não convencionais em política monetária e estas medidas estão sendo tomadas em resposta a um risco claro de recessão”, afirmou Lizondo em uma entrevista coletiva durante a assembleia do Fundo em Tóquio, no Japão.
Segundo ele, à medida que a atual política monetária reduza a probabilidade de o país cair em recessão, ela favorece não só os Estados Unidos, mas, também, as demais nações. “Eu acredito que não é do interesse de nenhum país que exista um problema sério nos Estados Unidos”, disse.
O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, criticou duramente desde que desembarcou em Tóquio a “política expansionista” do Fed, que anunciou no mês passado que compraria títulos públicos, além de aumentar o ritmo de circulação monetária.
“É evidente que, se você pratica a expansão monetária durante 10 anos, em algum momento vai dar resultados, mas os efeitos colaterais talvez sejam piores que os resultados diretos”, disse Mantega na quinta-feira, ao atuar como porta-voz dos ministros dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“Melhor seria se tivessem uma política fiscal mais clara, para complementar uma política monetária expansionista”, aconselhou Mantega em referência a Washington. O Brasil afirma estar disposto a proteger sua economia das políticas de expansão monetária.
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(Com Agência France-Presse)