Empréstimo a Grupo Espírito Santo abala fusão entre Oi e Portugal Telecom
Mesmo sabendo dos problemas financeiros do Grupo Espírito Santo, Portugal Telecom teria oferecido mais de US$ 1 bilhão à empresa, sem consultar executivos da tele brasileira
Investidores da Portugal Telecom e, em especial, da Oi devem saber até terça-feira se o empréstimo de 897 milhões de euros (cerca de 1,2 bilhão de dólares) para uma subsidiária do Grupo Espírito Santo (GES), a Rioforte, será pago dentro do prazo de três meses. O vencimento dos títulos da Rioforte comprados pela Portugal Telecom termina nesta terça e são poucos os indícios que a tele portuguesa receba a totalidade do dinheiro investido, devido à delicada situação financeira do grupo.
Os temores de um calote por parte da Rioforte deixaram os acionistas brasileiros apreensivos por não terem sido avisados da operação pela diretoria da Portugal Telecom, que está em processo de fusão com a Oi. A revelação, pela mídia portuguesa, de que executivos da Portugal Telecom disponibilizaram o dinheiro à Rioforte mesmo sabendo que o GES tinha problemas financeiros voltou a levantar questionamentos sobre a Portugal Telecom ter agido de má-fé. O Banco Espírito Santo (BES) informou que pode ter prejuízos devido a sua exposição ao restante do grupo.
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Cenário – Os problemas dos proprietários da Rioforte vieram a público em maio. Fontes próximas às empresas, no entanto, afirmaram que gestores da Portugal Telecom já sabiam das dificuldades, e mesmo assim aprovaram o empéstimo de mais de 1 bilhão de dólares em notas promissórias durante uma reunião em abril. O valor vinha sendo mantido em caixa ou em instrumentos de curto prazo ligados a contas bancárias. Em 30 de junho, a Portugal Telecom ainda informou que as duas emissões de notas promissórias pagaram um retorno médio anual de 3,6%.
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A Portugal Telecom recusou-se a comentar se os executivos sabiam das dificuldades do Grupo Espírito Santo – ou os motivos que levaram a empresa a conceder o empréstimo. Já a Rioforte não comentou sobre seus planos de ressarcimento. A expectativa é de que a empresa devolva 847 milhões de euros na terça-feira e 50 milhões euros na quinta-feira à Portugal Telecom. O Grupo Oi também não comentou o assunto, após criticar duramente a tansação que balançou a confiança do investidor português e agitou o mercado de ações em todo o mundo.
(com agência Reuters)