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Emprego e renda devem se deteriorar em 2016. Setor de serviços será mais afetado

Taxa de desempregados deve chegar a 12% neste ano

Por Da Redação
28 mar 2016, 09h30

Os dados sobre desemprego divulgados na última semana revelam uma mudança do perfil do ajuste no mercado de trabalho brasileiro, reflexo direto da recessão econômica. As estatísticas apontam para o aumento no número de demissões em 2016, além do encolhimento ainda maior na renda dos trabalhadores. Economistas ouvidos pela Agência Estado afirmam que este movimento se dará principalmente porque o setor de serviços, que se manteve resiliente por muitos meses, dá sinais mais evidentes de fraqueza. Por contratar grandes contingentes de trabalhadores, a deterioração do emprego neste segmento será determinante para o avanço da taxa de desocupação para a casa dos 12% ainda neste ano.

Na passagem de janeiro para fevereiro, o desemprego avançou de 7,6% para 8,2% nas seis principais regiões metropolitanas do país, segundo dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Natalia Cotarelli, economista do banco ABC Brasil, a queda cada vez mais forte na atividade econômica é a responsável pelo maior número de cortes de empregados. Em fevereiro, a população ocupada caiu 3,6% na comparação com igual mês de 2015, um tombo recorde. “Isso mostra que a recessão deve impactar o emprego neste ano de forma muito mais negativa do que aconteceu no ano passado”, estima Natália.

Por trás do aumento nas demissões, está a desaceleração mais intensa no setor de serviços. Por ser intensivo em mão de obra, a deterioração deste segmento acarretará no fechamento ainda maior de vagas nos próximos meses. O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, considera que esta é uma mudança no perfil do ajuste que o mercado de trabalho atravessa, já que ao longo de 2015, a alta na taxa de desocupação foi resultado, principalmente, da maior quantidade de pessoas procurando emprego, expandido a População Economicamente Ativa (PEA).

Para Vieira, as demissões devem crescer nos próximos meses devido ao cenário de forte incerteza ligado às indefinições dos rumos políticos do país. Rafael Leão, economista-chefe da Parallaxis Consultoria, concorda e considera que o ajuste no emprego seguirá “a pleno vapor” ao longo do primeiro semestre e afetará a renda dos brasileiros ainda com mais força. “Em fevereiro, todos os oito segmentos da atividade registraram queda na renda média na comparação anual”, destacou.

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De acordo com o IBGE, o rendimento médio dos trabalhadores recuou 1,5% na margem e despencou 7,5% na comparação com fevereiro de 2015. Já a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados foi estimada em R$ 50,8 bilhões em fevereiro, número 11,2% inferior ao do mesmo mês do ano passado. “Isso representa cerca de R$ 7 bilhões a menos circulando nas seis capitais pesquisadas pela PME”, calcula o economista-chefe da Parallaxis. A pesquisa abrange as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Recife.

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Natália, do banco ABC Brasil, considera que o recuo na renda reforça a percepção de que a situação do brasileiro é “bastante complicada”, mesmo para aqueles que continuam empregados. A especialista, pondera, no entanto, que a queda da renda tem sido mais intensa nas metrópoles que no interior. Em contraste com a retração de 7,5% na comparação interanual revelada pela PME, a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua mostrou uma diminuição de 2,0% na renda média no trimestre encerrado em dezembro de 2015, o último dado disponível, ante igual período de 2014.

A partir do próximo mês não será mais possível comparar a situação do mercado de trabalho das metrópoles com a do país como um todo. As informações de fevereiro foram as últimas divulgadas da PME, que passa a ser substituída pela Pnad Contínua, que conta com informações de 3,5 mil cidades do país. O desemprego medido por este levantamento ficou em 9,0% no quarto trimestre de 2015. Rafael Leão, da Parallaxis, estima que a taxa deve atingir o pico de 12,0% em novembro deste ano e se estabilizar em um nível elevado no segundo trimestre do ano que vem.

(Com Estadão Conteúdo)

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