Em dia de Copom, mercado está dividido
Crise abre espaço para uma queda nos juros; o mercado, no entanto, se divide na aposta de que o BC começará a baixar a Selic já nesta quarta-feira ou na próxima reunião, em outubro
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciará nesta quarta-feira, ao final de sua sexta reunião no ano, qual será a taxa básica de juros (Selic) que vigorará nos próximos 45 dias. Para os analistas ouvidos pelo site de VEJA, uma coisa é certa: o ciclo de alta da Selic já acabou. A deterioração das expectativas de crescimento nos países desenvolvidos nos últimos dias tornou mais clara a percepção de que será maior o impacto da desaceleração econômica global no Brasil. Logo, a inflação pode perder força conforme a crise internacional comece a “dar as caras” por aqui, abrindo espaço até para uma redução dos juros. Não está claro, no entanto, se o Comitê iniciará um ciclo de baixa já nesta quarta-feira ou deixará a queda para outubro, em sua próxima reunião. O mercado reflete isso e mostra-se dividido.
Parte dos economistas aposta na manutenção da Selic em 12,5% ao ano. A avaliação deles é que, embora o cenário externo tenha piorado, com chance de impactos mais expressivos na economia doméstica no médio prazo, a atividade ainda não esfriou o suficiente a ponto de justificar uma diminuição imediata dos juros. “Haverá espaço para cortar juros, mas não nesta quarta-feira. Ainda não estamos vendo efeito da política monetária. Os dados recentes de crédito, emprego e renda não mostram desaceleração e a inflação permanece alta”, alerta Cristiano Souza, economista-sênior do banco Santander.
Outra parcela do mercado prevê uma redução da Selic de 0,25 ponto porcentual, para 12,25% ao ano. Não que estes analistas acreditem que esta seja a escolha mais acertada. A previsão deles baseia-se tão somente nas recentes sinalizações do governo de que um ciclo de queda poderia ser antecipado. O anúncio do aumento da meta de superávit primário nesta segunda-feira é um dos sinais de que o Palácio do Planalto deseja dar início a uma redução dos juros o quanto antes – ainda que a palavra final caiba ao Banco Central que tem autonomia para decidir com base em critérios técnicos, e não em preferências políticas. “O governo tem demonstrado que quer reduzir os juros, mas ninguém sabe exatamente quando. Então, alguns analistas começaram a antecipar essa queda”, explica Maristella Ansanelli, economista do Banco Fibra.