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Em dia D, Levy decide ficar no governo e ir ao G20

Presidente Dilma Rousseff escalou dois ministros para garantir a permanência do titular da Fazenda; Levy viaja ainda hoje para a Turquia

Por Ana Clara Costa
3 set 2015, 19h31

A situação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é tão delicada dentro do governo que a presidente Dilma Rousseff escalou dois de seus ministros, Aloysio Mercadante e Edinho Silva, para dizer que Levy fica. As próprias afirmações do titular da Fazenda de que não abandonará o barco não têm convencido a opinião pública, tampouco o mercado – vide a disparada do dólar nesta quinta-feira. Ao convocar a reunião com Levy, Nelson Barbosa e Mercadante, na tarde desta quinta, a presidente Dilma queria acertar os ponteiros com a equipe econômica para tentar tranquilizar o mercado antes do fechamento da bolsa. O dólar alcançou 3,81 reais, antes de fechar estável. Ao deixar o Palácio do Planalto, por volta de 17 horas, Levy não falou com a imprensa. Saiu direto e em silêncio.

Coube aos ministros Edinho Silva e Aloysio Mercadante afirmarem que Levy e o governo “estão alinhados”, e que o ministro continua fazendo parte da equipe. “Levy fica porque nunca saiu”, afirmou Edinho a alguns jornalistas, após a reunião. Já Mercadante deu uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto para desmentir rumores de saída de Levy e para dizer que o governo está certo de que o Congresso aprovará todas as medidas necessárias para recuperar a saúde orçamentária. “É evidente que (Levy) fica. Ele tem um compromisso com o Brasil e com esse projeto. Tem consciência da importância que tem. E mais. Não foi tratado esse assunto. Tratamos de uma agenda construtiva”. Na saída, Mercadante lançou: “Quem apostar contra (a permanência de Levy), vai levar barrigada”.

O dia foi de tensão no Ministério da Fazenda e no Palácio do Planalto. A fritura de Levy por alas do PT desesperou investidores, não pelo fato de o ministro ser o fiador do ajuste fiscal, mas porque sua saída significaria um total desalento a um governo que se encontra à deriva. O mercado desistiu de encarar o ministro como o portador da estabilidade fiscal, mas tampouco vê com bons olhos sua saída do governo. Uma reunião de emergência foi convocada no Palácio do Planalto para “acertar os ponteiros” entre Levy e o governo, o que fez com que o ministro adiasse sua viagem ao encontro do G20, na Turquia, prevista para a tarde desta quinta-feira. Segundo a assessoria de imprensa do ministro, Levy partirá em outro voo para a Turquia por volta das 3 horas de sexta-feira, e chegará à tempo de participar do encontro.

Segundo Mercadante, a reunião foi marcada para discutir a situação fiscal e medidas para ampliar os cortes de gastos e reduzir o rombo do orçamento no ano que vem. Mercadante falou em melhoria da gestão dos gastos públicos, em especial os obrigatórios, e disse que é preciso levar adiante a reforma da previdência que, nas contas do ministro, representam 55% dos gastos obrigatórios. De acordo com o texto orçamentário entregue ao Senado na segunda-feira, o governo prevê gastar 30,5 bilhões a mais do que deve arrecadar em 2016 – uma visão otimista na opinião de alguns parlamentares, que apostam em déficit superior a 60 bilhões de reais. “O país não pode ficar confortável com um déficit de 30 bilhões. Nossa luta para melhorar as contas continua. A reunião foi isso. Estamos alinhados e temos tarefas a cumprir”, disse o ministro da Casa Civil.

Duas fontes ouvidas pelo site de VEJA afirmaram que Dilma instruiu Mercadante a reforçar a preocupação do governo com o controle de gastos para tentar reverter o impacto negativo causado pelo anúncio do orçamento. A ideia de reformas profundas e “estruturantes” vem sendo ventilada à exaustão por interlocutores do Planalto, que querem passar a mensagem de cautela por parte da presidente. Apesar do discurso pró-ajuste, a retórica do “pessimismo exagerado” e do “nós contra eles” se mantém. Mercadante sugeriu que o investidor que teme perder dinheiro no Brasil e, por isso, vende suas posições na Bolsa, pode estar agindo de má-fé. “Num momento de instabilidade, tem uma aliança entre os mal informados e os mal intencionados. Tem gente especulando e tentando ganhar dinheiro”.

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