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Em Bruxelas e Davos, crise europeia estará no centro das discussões

Mercado está à espera de medidas práticas e um discurso unificado para conter as turbulências econômicas do bloco

Por Roberto Almeida, de Londres
23 jan 2012, 06h26

Em Davos, a chanceler alemã, Angela Merkel, ditará o tom do encontro, sublinhando drama da zona do euro

Apesar do ceticismo dos investidores, analistas veem o Fórum Econômico Mundial como palco para afinar discurso e acalmar mercado

Uma Europa em crise espera para esta semana um alívio ao menos retórico para o pessimismo que reina no continente. Eventos importantes acontecem nos próximos dias, a começar, nesta segunda-feira, pela reunião dos ministros das Finanças da zona do euro. Dois dias depois se inicia mais uma edição do Fórum Econômico Mundial na cidade de Davos, na Suíça. A chanceler alemã Angela Merkel – líder da economia mais potente e sólida do bloco – abrirá nesta quarta-feira os trabalhos do principal evento internacional de economia com a responsabilidade de impor uma nova narrativa às lentas reformas da zona do euro. O discurso de Merkel é o mais esperado pelos cerca de 40 chefes de Estado que devem comparecer ao encontro nos Alpes suíços – o presidente francês Nicolas Sarkozy cancelou sua presença na última hora. O conteúdo do pronunciamento deve ser uma resposta à persistente crise de confiança que atinge vários membros da união monetária, como Grécia, Portugal, Itália, França, Áustria, entre outros. Os temores dos investidores respigaram até no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), cuja nota foi rebaixada semana passada pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. As palavras da alemã em Davos antecederão um painel mais amplo, que tratará das falhas do capitalismo e da sociedade – discussão que correrá em paralelo às negociações sobre o encontro de soluções urgentes para a Europa. Enquanto isso, nos bastidores, os esforços se voltarão à busca de um discurso único diante da letargia dos governos europeus em relação às demandas do mercado e às pressões das agências de risco. Klaus Schwab, fundador do Fórum de Davos, apostou em outubro, em seu primeiro pronunciamento sobre o encontro, em um novo modelo de governança como pontapé inicial. “Davos é uma oportunidade para que os vários players do drama do euro se encontrem e discutam a portas fechadas”, ressalta o consultor Jan Randolph, diretor da seção de Soberania e Risco da consultoria IHS Global Insight, em Londres. No ano passado, o encontro terminou com uma expectativa positiva para a economia pós-crise do subprime (2007-2008) – cenário que não se confirmou justamente porque, após esse susto inicial, outra crise se materializou: a das dívidas dos países. Randolph, contudo, é otimista quanto ao futuro da zona do euro. Em sua avaliação, a moeda sobrevive facilmente a 2012 porque existe força política e meios para mantê-la. Ele também crê que o bloco de 27 países tem chances de sair da crise unido – com Grécia e Portugal a reboque, com suas dívidas renegociadas. Um novo FMI – De acordo com o analista, no entanto, o encontro precisa priorizar discussões sobre um novo acordo para incrementar o poder de fogo do Fundo Monetário Internacional (FMI) – instituição que teve ampliado em 2011 seu papel de socorrista das nações em risco econômico. Randolph destaca inclusive sua confiança no auxílio dos países emergentes para que o fundo consiga levantar 500 bilhões de dólares adicionais para ajudar nações em dificuldade. O consultor afirma ainda que, nos eventos desta semana, os líderes precisam redobrar seus esforços por um novo pacto fiscal para a União Europeia e para a formatação do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) – outro instrumento que terá a função de jogar a boia de salvação aos governos do continente com sério risco de se declarar insolventes. “O mundo tem pouca munição fiscal e monetária depois da crise do subprime, dado o enfraquecimento de governos e bancos. Por isso a ajuda do FMI é tão necessária. E o ajuste fiscal precisa ser discutido em Davos entre participantes dos bancos centrais europeus, investidores de dentro e fora da Europa, etc”, afirma Randolph. Grécia ainda na berlinda – Como França e Espanha conseguiram rolar suas dívidas na semana passada com juro relativamente baixo e a Irlanda obteve boa avaliação da Comissão Europeia, fica em evidência, mais uma vez, a fragilidade da Grécia. Atenas não sai da berlinda e terá, ante o risco iminente de calote, mais uma semana crucial pela frente. “A negociação entre o governo grego e os credores do setor privado é um assunto chave. Se for feito um bom pacote, um acordo de renegociação de títulos pode mudar o rumo das coisas”, acredita Ben May, analista do mercado europeu da consultoria londrina Capital Economics. Os gregos esperam reprogramar uma dívida de 100 bilhões de euros – ou cerca de um terço do total – o quanto antes, oferecendo novos títulos com prazo de 30 anos. Os credores privados, no entanto, terão de aceitar um perdão de 50% do endividamento. E, quanto à renegociação, FMI e Alemanha passaram a pressionar, nos últimos dias, pela cobrança de juros relativamente baixos. Neste final de semana, um impasse nas negociações surgiu justamente em função destas novas imposições. Segundo May, há um forte ceticismo no mercado quantos aos avanços no drama europeu. “Não acredito que o problema seja o ritmo das coisas, mas sim tratar apenas os sintomas e não as deficiências fundamentais, como a falta de competitividade e de infraestrutura do bloco”, afirmou.

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