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Dólar bate os R$ 3 em meio a incertezas sobre ajuste fiscal

Devolução de medida provisória que reverte a desoneração da folha e instabilidade política criada por Lava Jato fazem moeda disparar

Por Da Redação
4 mar 2015, 11h49

(Atualizada às 12h40)

O dólar opera em alta superior a 2% e chegou a bater os 3 reais nesta quarta-feira após o presidente do Senado rejeitar, no dia anterior, medida provisória que trata de desonerações tributárias, dificultando ainda mais o ajuste das contas públicas brasileiras. Às 12h34, a moeda americana avançava 2,25%, a 2,9940 reais na venda, após atingir 3,001 reais na máxima da sessão, maior nível desde agosto de 2004. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 674 milhões de dólares.

Na noite passada, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) surpreendeu o Executivo ao rejeitar a medida provisória 669, argumentando que ela não cumpria preceitos constitucionais. Pouco depois, o governo enviou um projeto de lei com urgência constitucional assinado pela presidente Dilma Rousseff para substituir a MP.

A perspectiva de melhora da política fiscal vinha sendo uma luz no fim do túnel em meio ao cenário de contração econômica e inflação acima de 7% neste ano. À medida que se torna mais difícil para o governo cortar seus gastos, a pressão cambial também se intensifica.

“Ninguém sabe onde vai parar, é uma barbárie”, resumiu o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. “O dólar já estava em uma tendência de alta em função dos fundamentos deteriorados. Agora, há esse ‘a mais’, que é o cenário político conturbado dificultando a implementação do ajuste fiscal”, disse o analista da WinTrade Bruno Gonçalves, que não tem expectativas de alívio no câmbio no curto prazo.

Com isso, cresce a ansiedade do mercado sobre as futuras intervenções do Banco Central (BC) no câmbio. O atual programa de leilões diários de swap cambial – que equivale a venda de dólares no mercado futuro – está marcado para durar até pelo menos o fim deste mês, e a sinalização de que o BC pretende rolar apenas parcialmente os contratos que vencem em 1º de abril já injetou incerteza no mercado.

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Ainda no cenário doméstico, o mercado espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a taxa de juros básicos (Selic), que hoje está em 12,25%, para combater a inflação. Mais cedo, a produção industrial mostrou melhora em janeiro ante dezembro, ao subir 2,0%, mas a atividade do setor ainda está bastante fraca, o que mostrou a queda de 5,2% na comparação com janeiro de 2014. Em 12 meses até janeiro, a produção industrial nacional acumula queda de 3,5%.

Leia também:

Copom deve subir Selic hoje, acreditam economistas

Produção industrial cai 5,2% em janeiro na comparação anual

No âmbito político, na terça-feira à noite, o procurador-geral da República Rodrigo Janot enviou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) uma lista contendo 54 suspeitos de participar de esquemas de corrupção na Petrobras e que devem ser investigados, entre eles os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

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Calheiros reagiu devolvendo ao Executivo a medida provisória que reverte a desoneração da folha de pagamento das empresas. O governo foi rápido e já enviou ontem mesmo ao Senado um projeto de lei, com urgência constitucional, com o mesmo teor da MP. No entanto, a apreciação dessa matéria deve ser mais lenta, o que pode atrasar a adoção das medidas de ajuste fiscal e comprometer o cumprimento da meta de ajuste de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

O risco político é um dos pontos que serão avaliados, juntamente com as incertezas na economia, pelas agências de classificação de risco. Os representantes da Standard & Poor’s desembarcam nesta quarta-feira em Brasília e já têm agendados vários encontros com integrantes da equipe econômica, nos ministérios da Fazenda e do Planejamento. A agência Fitch Ratings deve chegar ao país no dia 16 e já avaliou que cortar despesas neste ano será algo “desafiador”.

Bolsa – No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, iniciou a jornada desta quarta-feira em queda de 1,38%, aos 50.597 pontos, também pesando a insegurança política. Por volta de 12h40, o índice caía 1,53% (50.519 pontos).

(Com agência Reuters)

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