Dilma parte para briga no Congresso pela MP da energia
Segundo jornal, Dilma quer aprovar no Congresso o texto da MP do jeito que está para garantir a redução da conta de luz prometida
A presidente Dilma Rousseff parece estar imune às críticas do setor de energia elétrica e à queda de mais de 70% das ações da estatal Eletrobras. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira, a presidente começou a costurar com lideranças do Congresso um acordo para garantir a aprovação da medida provisória (MP) 579 que fixa as regras para a renovação das concessões do setor elétrico.
Dilma quer garantir que não haja nenhuma alteração substancial no texto da MP. Na quarta-feira pela manhã ela se reuniiu com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o relator da MP, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O encontro deixou claro que a presidente está acompanhando de perto a tramitação da proposta no Congresso e pretende contar com todo o apoio das lideranças políticas nas casas ara manter intacto o texto da medida.
Na conversa, a presidente reiterou a pressa em aprovar a MP e deixou claro, mais uma vez, que o governo não vai se intimidar com as pressões do setor elétrico. O Planalto quer votar o texto como ele foi enviado ao Congresso, sem alterações, sem atender em nada as empresas. Dilma tentou repassar aos parlamentares a ideia de que é preciso resistir às pressões das elétricas.
Recado semelhante já havia sido repassado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada, e repetido pelos representantes do Ministério das Minas e Energia. A presidente Dilma já avisou que não vai ceder às pressões das empresas que estão contra as normas de renovação das concessões do setor.
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Certo – Nem mesmo as constantes afirmações de analistas do mercado financeiro de que as empresas do setor estão tendo grandes perdas e estão se descapitalizando preocupam a presidente Dilma. Ela está convencida de que está fazendo o certo e que para as empresas concessionárias é “pegar ou largar”.
Auxiliares da presidente Dilma lembram que as empresas do setor, acostumadas às renovações automáticas, não acreditavam que o Planalto fosse mudar o sistema e confrontá-las, mesmo depois de inúmeros avisos, desde o início do mandato. “O governo avisou que as concessões não eram mais automáticas e eles não acreditaram”, comentou um interlocutor da presidente, ao avisar que a disposição do Planalto é “pagar pra ver”.
Esse interlocutor de Dilma informou ainda que o governo não pensa na hipótese de aumentar o valor das indenizações nem no valor das tarifas. Para o Planalto, esse tema não é como o Código Florestal, que com um decreto o governo pode resolver o problema. É um tema delicado, importante, mas não vai aceitar as pressões das empresas. Se as concessionárias não quiserem renovar seus contratos, elas terão de devolver as concessões e explicar para a população e para o Congresso por que querem manter tarifas altas de energia.
Um dos motivos da pressa do governo com a votação é que o Planalto não quer descumprir a promessa feita antes das eleições municipais de reduzir as contas de luz da população e das empresas em 20%, em média, a partir do início do próximo ano.
(com Estadão Conteúdo)