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Dilma nega crise e vende Brasil ‘cor-de-rosa’ em Davos

Numa tentativa de melhorar a imagem do país, presidente disse que a inflação e as contas públicas 'estão sob controle'

Por Ana Clara Costa, de Davos
24 jan 2014, 12h59

Em sua primeira participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, a presidente Dilma cumpriu o protocolo: durante discurso de 40 minutos, enalteceu o progresso social do país nos últimos três anos, destacou a inflação dentro da meta e repetiu que as contas públicas estão sob controle – tudo aquilo que a cúpula de Davos queria ouvir.

A presidente iniciou sua fala com cinco minutos de atraso, fato raro no evento que leva ao pé da letra a pontualidade, ao ponto de, antes de cada painel, suíços vestidos com roupas típicas circularem pelo local soando um sino para que os participantes se dirijam às respectivas salas de debate. Outro fato curioso é que o discurso da presidente foi tão longo – propositalmente ou não – que não permitiu que o fundador do evento Klaus Schwab encerrasse a sessão com perguntas, como ocorreu com todos chefes de estado que discursaram em Davos este ano.

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Ao longo de sua fala, a presidente deu espaço não só para temas econômicos, como também para assuntos destacados como prioritários pelo próprio Fórum, como a redução da desigualdade, a preocupação com as mudanças climáticas e o estímulo ao emprego. Dilma enfatizou o crescimento da classe média e o mercado interno ávido por consumo como atrativo para investidores. Citou dados como números de televisores de tela plana por residência para mostrar que há um déficit de consumo a ser suprido – e os investidores interessados em desbravar esta selva serão mais que bem-vindos.

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Dilma não quis detalhar quais investidores quer para o Brasil. Não se ateve a filtros, nem explicou que seu governo é extremamente hostil a empresas que não se enquadram na política de conteúdo nacional. Tal hostilidade é representada, neste caso, por uma alta carga tributária sobre componentes importados. A presidente também não disse que quer ver bem longe os investidores especulativos. “Venham todos, venham rápido” foi o tom usado para mostrar quão ávido o país está pelo dinheiro externo. “O Brasil é uma das maiores fronteiras de oportunidades do mundo. Nós recebemos muito bem o investidor”, afirmou.

Ao mencionar as concessões, a presidente se ateve ao tema das ferrovias, justamente o ponto mais crítico de seu pacote de privatizações e cujos interessados são matéria escassa. “Precisamos de uma malha ferroviária compatível com o tamanho do Brasil”, afirmou. Também fez questão de destacar a importância do setor privado na economia dando como exemplos os consórcios que venceram os leilões de aeroportos, que possuem participação de companhias estrangeiras.

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Por fim, falou sobre educação, o Fies, o Ciência sem Fronteiras e a expansão do número de escolas técnicas, tentando convencer a plateia que o Brasil será um país de “técnicos, pesquisadores e cientistas”, demonstrando, indiretamente, que a mão de obra será capacitada para atender aos anseios dos investidores.

A presidente terminou a apresentação convidando a todos para a Copa do Mundo, afirmando que o país está “pronto” para receber os visitantes e que os investimentos necessários em infraestrutura já foram feitos.

Como Schwab deixou transparecer que não tinha nem tempo nem subsídios para contestar qualquer uma das afirmações da presidente, agradeceu sua presença no Fórum e afirmou que ela conseguiu dissuadi-lo da ideia de que os Brics estão em crise. “A senhora devolveu a confiança nos emergentes”, disse o suíço.

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Na plenária com capacidade para 1 500 pessoas, poucos eram os lugares vazios. A delegação brasileira estava em peso — não apenas os ministros que a acompanhavam, como Guido Mantega, Fernando Pimentel e Luiz Fernando Figueiredo, mas também todos os empresários que vieram a Davos. Entre eles, Roberto Setubal, do Itaú Unibanco, Frederico Curado e Jackson Schneider, da Embraer, o publicitário Nizan Guanaes, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o presidente do conselho da Camargo Corrêa, Vitor Hallack, o banqueiro André Esteves e a presidente da Petrobras, Graça Foster.

A impressão geral dava conta que a presidente havia cumprido bem sua missão em Davos. A dúvida que resta é se a ofensiva foi suficiente para trazer de volta ao Brasil a confiança perdida.

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