Dezembro deve registrar a maior saída de dólares do ano
Envio de lucros e dividendos de multinacionais ao exterior deve acentuar fuga de recursos do país. Até dia 19, fluxo cambial estava negativo em US$ 7 bilhões
O Brasil viu evaporar 7 bilhões de dólares neste mês até sexta-feira da semana passada, o que levou ao terreno negativo o saldo de dólares acumulado em 2014, informou o Banco Central (BC). Ao que tudo indica, dezembro deve ter a maior retirada de moeda americana neste ano, com a concentração de envio de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no país – que remetem recursos às suas matrizes no exterior nos fins de ano. No acumulado do ano, o resultado está negativo em 2,3 bilhões de dólares.
Até a semana anterior, encerrada no dia 12 de dezembro, o total de 2014 ainda se segurava no terreno positivo, com o ingresso líquido também de 2,3 bilhões de dólares, já descontadas as retiradas. Em 2013, neste mesmo período, o volume de saídas estava bem maior: 11,2 bilhões de dólares.
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Ao longo de 2014, a quantidade de envios de moeda foi maior do que o ingresso em cinco de onze meses: fevereiro (1,9 bilhão de dólares), maio (813 milhões de dólares), julho (1,8 bilhão de dólares), agosto (3 bilhões de dólares) e novembro (3,5 bilhões de dólares). Se a tendência de saídas este mês continuar, o resultado de dezembro pode superar o saldo negativo de 8,8 bilhões de dólares visto em igual mês do ano passado.
Cotação – Geralmente, as empresas aguardam momentos em que o real está mais valorizado para enviar recursos às sedes, mas as “janelas de oportunidade” recentes estão escassas com a escalada do dólar vista desde o primeiro turno das eleições presidenciais.
Para suprir essa necessidade das companhias, e não deixar que a falta de dólares em espécie acabe pressionando ainda mais a cotação da moeda, o BC costuma oferecer nos fins de ano os chamados leilões de linha, operações em dólar com o compromisso de recompra. Na véspera do Natal, o dólar encerrou ontem em leve baixa (-0,44%), cotado a 2,695 reais, em um dia de pouco movimento no mercado financeiro.
(Com Estadão Conteúdo)