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DEM convoca Belchior para esclarecer ‘caso IBGE’

Crise no instituto começou após a saída de diretores que discordavam de mudanças propostas pelo governo na Pnad Contínua

Por Da Redação
15 abr 2014, 11h25

O ‘caso IBGE’, como a crise no instituto é chamada nos gabinetes da equipe econômica em Brasília, já tomou o Congresso Nacional. O DEM protocolou na segunda-feira, na Câmara dos Deputados, um requerimento pedindo a convocação da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

O partido de oposição quer que a ministra preste esclarecimento na Comissão de Fiscalização e Controle sobre a crise instalada no IBGE, causada pela saída de diretores que discordavam de mudanças propostas pelo governo na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que visa substituir o atual índice de desemprego calculado na chamada Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

A convocação, se aprovada, torna a presença da ministra obrigatória. “Existem indícios de que o governo quer transformar o instituto em agente de notícias eleitoreiras”, disse o líder do partido na Casa, deputado Mendonça Filho (PE).

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Objetivo eleitoral – O vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que a manifestação dos técnicos do IBGE fortalece a tese de que a suspensão da pesquisa teve objetivo “eminentemente eleitoral”. “É para esconder a realidade dos números sobre desemprego do país. É evidente que suspender uma pesquisa tão respeitada quanto essa do Pnad é sem dúvida ficar sob suspeição.”

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O tucano disse que o caso é ainda mais delicado porque dois senadores da base aliada, que são candidatos a governo nos respectivos estados, a petista Gleisi Hoffmann no Paraná, e o petebista Armando Monteiro, em Pernambuco, questionaram os dados da pesquisa. Dias ressaltou que vai apoiar a iniciativa de Randolfe Rodrigues de convidar a ministra do Planejamento e outras autoridades do IBGE para falar sobre o assunto.

Cenário – A alta temperatura do “caso IBGE” divide técnicos do governo federal. Enquanto alguns avaliam que a crise envolvendo a postergação do anúncio da Pnad Contínua por um ano, para janeiro de 2015, está sendo inflamada por “sindicatos da extrema esquerda, ligados ao PSOL” e pela “oposição de direita”, outros entendem que o IBGE deveria liberar imediatamente a pesquisa.

“A justificativa para a prorrogação é plausível, uma vez que os resultados vão balizar as transferências constitucionais de receitas federais para os Estados. A teoria de que há ingerência política do governo para evitar a publicação da pesquisa seria desarticulada com a edição da Pnad. Os eventuais transtornos serão com as finanças estaduais, então se estão criticando o IBGE por ser sensível aos apelos de parlamentares, passariam a ver que não há nada a ver com ingerência” disse um economista do governo, inconformado com a crise política no instituto.

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Na semana passada, a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, afirmou que o instituto foi procurado por parlamentares preocupados com a metodologia de cálculo da renda domiciliar per capita da Pnad Contínua. Entre as dúvidas estava aquela relativa aos intervalos de confiança das estimativas por unidade da federação (UF), uma vez que essas estimativas servirão de base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), conforme exige a Lei Complementar 143/2013.

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Nota à imprensa – Ainda na segunda-feira, coordenadores da Diretoria de Pesquisas do IBGE divulgaram nota à imprensa em que afirmam que os trabalhos técnicos do órgão não estão sob qualquer domínio ou ingerência política. O documento, assinado por 21 coordenadores do instituto, informa que a carta de repúdio à suspensão das próximas divulgações da Pnad Contínua, enviada na semana passada ao conselho diretor do IBGE, tinha como objetivo garantir a manutenção do calendário de divulgação da pesquisa. A carta ao conselho do órgão teve adesão de 18 coordenadores e gerentes estratégicos, que ameaçaram uma entrega coletiva de cargos caso a decisão não fosse revista.

A rebelião seguiu o pedido de exoneração de duas diretoras, ambas integrantes do conselho diretor: Marcia Quintslr, diretora de Pesquisas, e Denise Britz do Nascimento Silva, coordenadora-geral da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence). O episódio gerou uma das piores crises institucionais da história do IBGE. Entre os coordenadores que ameaçaram deixar seus postos estavam a coordenadora de Índices de Preços, Eulina Nunes dos Santos, responsável pela divulgação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e o coordenador de Trabalho e Rendimento, Cimar Azeredo, responsável pela própria Pnad Contínua e pela Pesquisa Mensal de Emprego.

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Na nota, soma-se ao grupo mais três coordenadores, entre eles o coordenador de Contas Nacionais, Roberto Luís Olinto Ramos, responsável pelo cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

Segundo o comunicado à imprensa, não há qualquer suspeição por parte dos coordenadores sobre a integridade do Conselho Diretor do IBGE. Na reunião realizada entre o conselho e os coordenadores rebelados, na última sexta-feira, ficou acordada a instalação de um grupo técnico a partir desta segunda-feira para estudar e propor uma solução que mantenha as divulgações da Pnad Contínua.

(com Estadão Conteúdo)

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