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Graça Foster: De “protegida” de Dilma a gestora desastrada

Por Ana Clara Costa
3 fev 2015, 21h03

(Atualizado em 4/2/2015, às 12h11)

Se, em 13 de fevereiro de 2012, data em que Graça Foster assumiu a presidência da Petrobras, previsões lunáticas fossem feitas sobre como seria sua gestão, nada certamente se assemelharia à realidade que se impôs sobre o comando da empresa. Passaram-se três anos desde então e a engenheira química que dedicou 37 anos à petrolífera – sabendo que seria defenestrada da estatal – renunciou ao cargo nessa quarta-feira.

Não que a saída da presidente fosse novidade para qualquer um que acompanhasse os desdobramentos do petrolão. Ela mesma pede para sair desde antes das eleições, conforme relatou o site de VEJA em reportagem publicada em setembro do ano passado. A presidente Dilma vinha negando o pedido, argumentando que a transição seria feita após as eleições, de forma pausada, num movimento de troca que envolveria todos os diretores da empresa. A renovação, acreditava Dilma, daria novo fôlego à estatal depois do desgaste (ainda em curso) acarretado pelas investigações da Lava Jato.

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Contudo, a velocidade da troca de comando aumentou na última semana, depois que a presidente se irritou com a forma com que Graça conduziu a divulgação do balanço não auditado da Petrobras, referente ao terceiro trimestre de 2014. A executiva mencionou a estimativa de um prejuízo de 88 bilhões de reais resultante dos efeitos da corrupção na empresa. Dilma discordou do número e afirmou a interlocutores que se tratava de uma previsão “amadora”, que colocava num mesmo patamar de avaliação os ativos bons e aqueles afetados pelo esquema de corrupção. A ‘derrapada’ de Graça foi o estopim para a presidente ordenar que um substituto fosse encontrado o quanto antes.

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Curiosamente, outros fatos tão (ou mais) graves precederam a divulgação do balanço e não foram encarados pela presidente com o mesmo espírito diligente. O primeiro foi revelado em agosto de 2014, quando se soube que executiva transferiu bens aos filhos logo após a divulgação da primeira fase da Lava Jato. Já no final de 2014, Graça voltou ao centro do petrolão depois que reportagem do Valor Econômico mostrou e-mails em que a gerente da estatal, Venina Velosa, alertava a executiva sobre os desvios na empresa – e foi sumariamente ignorada.

Nesse período, a presidente não só defendeu Graça com todo o seu arsenal retórico, como também colocou até mesmo o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, para interceder pela executiva junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), que pedia a indisponibilidade dos bens de Graça, assim como de outros diretores citados na Lava Jato. “Só porque o clima está muito difícil para ela, eu preciso tirá-la? Eu penalizo ela por algo que não é responsabilidade dela? A quem interessa tirar a Graça Foster? O que tem por trás disso?”, disse a presidente no fim de dezembro, na última vez em que tratou diretamente do tema.

Graça entregou o cargo novamente nesta terça-feira, após reunião com Dilma em Brasília. O problema é que ainda não há uma definição sobre o nome a ser anunciado para substituí-la. Diante da vitória do peemedebista Eduardo Cunha para presidir a Câmara dos Deputados, a presidente Dilma terá de usar os cargos do segundo escalão para negociar apoio com a base dissidente. A saída de Graça num momento como esse coloca a presidência da estatal no topo da lista do toma-lá-dá-cá.

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A expectativa criada por Dilma há três anos, quando Graça foi conduzida à presidência da Petrobras, era de que uma gestão técnica colocaria ordem num período de oito anos de gastos desmedidos e maus negócios – como a refinaria de Pasadena – que, hoje, sabe-se, eram dutos para a drenagem de bilhões de reais da companhia. De fato, a executiva empreendeu cortes de gastos, um pacote de venda de ativos que incluía Pasadena e outras refinarias deficitárias, além de programas de demissão voluntária com o objetivo de desonerar a folha da estatal. Por outro lado, a falta de atributos políticos e a dureza no trato fizeram com que colecionasse inimizades com pessoas que, em muitos casos, tinham padrinhos poderosos em Brasília. Por isso, em mais de uma ocasião, os golpes desferidos contra Graça foram atribuídos por interlocutores do Palácio do Planalto a uma “guerra interna” que estava em curso dentro da empresa, da qual a executiva era o principal alvo. Entre os diretores da Petrobras, o único com o qual a presidente mantinha relações mais afáveis era José Alcides Santoro, diretor da área de Gás e Energia.

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