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Crise encurta orçamento e faz contas de começo de ano ficarem pesadas

Para especialistas, linhas de crédito mais difíceis e deterioração do poder de compra dificultam as contas de janeiro

Por Da Redação
4 jan 2016, 11h36

O conselho dado por todos os especialistas financeiros, de começar o ano com as contas em dia, ficou mais difícil de ser seguido em 2016 devido à alta dos preços, do desemprego e do crédito caro. Analistas acreditam que as contas de janeiro, como impostos e rematrícula escolar, devem pesar mais neste ano por conta do cenário econômico. A Boa Vista SCPC já espera um aumento da inadimplência nos próximos meses.

“As linhas de crédito estão mais difíceis do que há um ano e houve deterioração do poder de compra. Esses dois grandes motivos vão dificultar o que normalmente já é pesado para o consumidor: as contas de janeiro”, diz o diretor de economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti. Ele lembra que os salários vinham tendo ganho real até 2014, mas que desde então têm perdido para a inflação, que deve fechar 2015 com alta de mais de 10%.

O terceiro fator que assombra as famílias é o desemprego. “Geralmente, o brasileiro saia de dezembro com uma renda extra do 13º salário, comissão de vendas ou até de um emprego temporário”, comenta o CEO do GuiaBolso, Thiago Alvarez. A situação atual é bem diferente: o desemprego subiu, as vagas temporárias secaram e as comissões acompanharam a queda das vendas e diminuíram.

Economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife comenta que historicamente há um aumento da inadimplência nos meses de abril e maio e que em 2016 o fenômeno deve voltar a ocorrer, pois o orçamento anda apertado e alguns itens, como matrícula escolar, serão reajustados pela inflação. Atualmente, a taxa de inadimplência de pessoas físicas está em 5,8%, segundo o Banco Central.

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A boa notícia é que, em média, o valor do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em São Paulo ficou 3,3% mais barato neste ano, aponta uma pesquisa da Fipe. A crise no setor automotivo fez o preço dos carros cair, impactando o imposto, que representa entre 1% e 4% do valor do veículo.

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Forma de pagamento – Assim como em outros anos, o pagamento de impostos à vista tem desconto. No caso do IPVA em São Paulo, o proprietário do veículo pode pagar à vista e ter um abatimento de 3% ou parcelar o montante em três vezes, mas pagando o tributo integral. Em alguns Estados, o desconto chega a 10%. Se optar por parcelar, o pagamento varia conforme a placa do veículo (a primeira parcela de carros com final 1 já vence no próximo dia 11). No Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) da cidade de São Paulo, o desconto é de 5%.

Se parcelar, o valor pode ser dividido em dez vezes. Mas se houver sobra de dinheiro e a quantia não for comprometer o orçamento, a opção mais indicada é pagar em uma única parcela para começar o ano sem dívidas. A alternativa seria parcelar o imposto e tentar aplicar o dinheiro em um investimento seguro e com retorno superior ao desconto oferecido. Ou seja, algo que rendesse mais de 0,9% ao mês.

A caderneta de poupança não é opção, já que paga bem menos que essa taxa. Mas especialistas afirmam que, com a alta do juro e a renda fixa mais interessante, é possível encontrar aplicações com esse retorno. O que ocorre na prática, porém, é que as pessoas não são disciplinadas. “O consumidor parcela e depois na hora de pagar vê que não investiu o dinheiro, gastou em outras coisas”, diz Alvarez.

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Para a Boa Vista, a decisão entre pagar à vista e parcelar deve ser mais orçamentária do que financeira. “O pagamento à vista vale a pena, mas se a pessoa achar que o desembolso do dinheiro de uma só vez vai comprometer outros pagamentos, que vai ficar apertado, o melhor é parcelar para não ficar inadimplente ou ter de recorrer ao crédito”, afirma Calife.

Nos casos mais graves, em que o consumidor não consegue pagar a conta nem mesmo parcelando, créditos caros como o cheque especial devem ser evitados. O ideal é optar pelo financiamento mais barato, como o consignado. O último levantamento do Banco Central, de novembro, aponta para um juro de 28,4% ao ano do consignado, ante uma taxa de 287,8% do cheque especial.

Escola – Em média, as mensalidades escolares em São Paulo subiram 12% na passagem do ano, segundo um levantamento do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp). Somada a esta conta, ainda tem a compra do material escolar, que também ocorre nesta época.

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Para não haver descontrole, especialistas sugerem que os pais tentem negociar um desconto na própria escola. Apesar de ser uma tarefa difícil, se matricular dois filhos no mesmo local pode haver margem para uma conversa.

Para livros e material, o jeito é apelar para a comunidade escolar. “Os pais podem reunir um grupo de vários alunos da mesma sala e fazer uma compra em grupo na editora ou em papelarias”, recomenda Alvarez. Além disso, organizar um bazar de livros com ex-alunos da série é interessante, algo que muitos pais têm buscado neste ano de crise econômica.

A tecnologia também vem para ajudar na busca por economia. Em sites de trocas de livro, como o Skoob, alunos podem cadastrar seus próprios exemplares que não serão mais utilizados e trocá-los com outro usuário interessado. Se não conseguir fazer a chamada troca direta, pode recorrer ao sistema Plus, também gratuito. Nele, o usuário espera alguém pedir o seu livro, envia o exemplar, ganha uma moeda online e com ela pode escolher qualquer outro livro cadastrado no site.

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(Com Estadão Conteúdo)

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