Contas do governo têm pior resultado em 19 anos no acumulado de 2015
De janeiro a setembro, governo federal, Banco Central e Previdência tiveram um déficit primário de 20,93 bilhões de reais, pior resultado para o período desde 1997
As contas do governo central (governo federal, Banco Central e Previdência Social) registraram um déficit primário (gasto superior a receita) de 20,93 bilhões de reais no acumulado do ano. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Tesouro Nacional. Este é o pior resultado observado no período desde o início da série histórica, em 1997. Até então, o pior desempenho havia sido computado nos nove primeiros meses de 2014, com déficit de 15,71 bilhões de reais.
Só em setembro, o governo central teve um déficit primário de 6,93 bilhões de reais. O resultado veio melhor do que o esperado pelos analistas, que esperavam rombo de 14,6 bilhões de reais.
No mês passado, os gastos do governo central somaram 89,428 bilhões de reais, queda real (descontada a inflação) de 16,8% frente a igual mês de 2014. Ao mesmo tempo, a receita líquida somou 82,49 bilhões de reais, declínio de 3,1% na mesma base de comparação.
As despesas de janeiro a setembro somaram 786,64 bilhões de reais a preços correntes, 4% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais. No acumulado do ano, a receita líquida foi de 765,71 bilhões de reais, recuo de 4,6% sobre igual etapa de 2014.
No mês passado, o Tesouro registrou superávit primário de 2,808 bilhões de reais, enquanto a Previdência Social teve saldo negativo de 9,69 bilhões de reais e o Banco Central, déficit de 49,6 milhões de reais.
Esses números vêm em meio a contínuas dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar uma série de medidas no Congresso Nacional consideradas necessárias para o equilíbrio das contas públicas. Dentro deste cenário, e em meio a uma forte recessão, a equipe econômica revisou mais uma vez a projeção para o resultado fiscal deste ano, para déficit primário de cerca de 50 bilhões de reais, sendo que o número pode ser ainda maior no caso de frustração de receitas e com a contabilização das chamadas “pedaladas fiscais”.
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