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Construtoras da Lava Jato enfrentam enxurrada de ações

Fornecedores e prestadores de serviço entram na Justiça para cobrar pagamentos das empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras

Por Da Redação
9 fev 2015, 09h43

Atualizada às 20h13

A vida financeira das construtoras envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção nos contratos da Petrobras, anda tão difícil que nem as despesas mínimas estão sendo pagas. Com caixa debilitado e sem crédito na praça, as empresas vivem um bombardeio de ações judiciais movidas por fornecedores, que cobram por serviços prestados, venda de produtos e locação de equipamentos. Na outra ponta, o reflexo tem sido a redução do ritmo das obras e do quadro de funcionários de algumas construtoras.

Os problemas surgiram com a sétima fase da operação Lava Jato, da Polícia Federal, desencadeada na primeira quinzena de novembro e que prendeu executivos de várias construtoras, como Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior, UTC, Engevix, Iesa e Galvão Engenharia. No fim de dezembro, a situação se complicou ainda mais com a lista de 23 empresas proibidas de participar de novas licitações da Petrobras.

Sem receber por contratos em andamento e impedidas de participar de novos negócios, as empresas também deixaram de pagar fornecedores e estão enxugando suas estruturas.

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A Galvão Engenharia, por exemplo, decidiu fechar a divisão de engenharia industrial, a mais ligada aos projetos da Petrobras. A empresa diz que, além das dívidas vencidas, tem cerca de 900 milhões de reais a receber da estatal, que paralisou todos os pagamentos desde 2014. Sem dinheiro, a companhia também parou de pagar seus fornecedores.

Um deles é a Four Tech, empresa que faz locação de equipamentos para o ramo de petróleo. A empresa alugou máquinas para a Galvão usar nas obras da Refinaria de Paulínia. Depois da Lava Jato, porém, a empresa deixou de pagar o devido, até mesmo uma dívida de apenas 14.000 reais.

“Entramos em contato com a empresa no fim de janeiro e ela disse que só no segundo semestre (teria dinheiro para pagar)”, diz o advogado da companhia, Vinicius Feitoza Paes. Segundo ele, a alternativa escolhida pela Four Tech para receber o dinheiro foi cobrar na Justiça.

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Mesmo caminho foi seguido pela Engete Engenharia, de Belo Horizonte (MG). O diretor Vicente Paulo conta que havia feito um acordo com a Galvão para pagamento parcelado de uma dívida, mas o negócio não foi cumprido e a empresa também teve de ir à Justiça.

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A SH Formas, locadora de equipamentos para construção (andaimes, escoras metálicas, etc.), foi além de uma simples ação judicial para cobrar a dívida da Mendes Júnior: pediu a falência da empresa. O advogado da companhia, Renato Leal, conta que a construtora se comprometeu a pagar o débito, de 2,2 milhões de reais, em oito vezes, mas só quitou três parcelas. Segundo ele, além desse valor, há outros contratos em andamento que ainda não foram pagos.

A Mendes Júnior afirmou que o processo ainda não foi julgado e que, portanto, não comentaria o assunto. Desde que a Operação Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal, a empresa vive um problema atrás do outro. No começo do ano, ela teve dificuldade para pagar funcionários da obra de Transposição do São Francisco. A segunda parcela do 13º salário foi paga na segunda semana de janeiro, mas os trabalhos no canteiro de obras só tiveram início mais tarde porque a empresa não tinha dinheiro para despesas básicas, como combustível.

Braskem – Além das empreiteiras, a petroquímica Braskem também está sendo prejudicada pelas denúncias de corrupção da Petrobras. Um contrato entre as duas empresas vencerá no dia 28 de fevereiro, mas a estatal ainda não se manifestou sobre uma renovação. O acordo, de 9 bilhões de reais anuais, envolve o fornecimento pela Petrobras de nafta, um derivado do petróleo usado na fabricação de resinas e principal insumo da Braskem. A petroquímica ainda não sabe se receberá a matéria-prima no mês que vem.

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Hoje, a Braskem é a única compradora de nafta no Brasil e maior fornecedora da indústria química. Segundo a empresa, que tem como sócios o grupo Odebrecht (38%) e a própria Petrobras (36%), se a situação chegar ao limite, três polos petroquímicos brasileiros podem ter de interromper a produção, segundo o presidente da Braskem, Carlos Fadigas.

Atualizada às 20h13

Em nota divulgada na tarde desta segunda-feira, a Construtora Queiroz Galvão afirma que a empresa “não acumula ações judiciais no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e também não tem títulos protestados e nem mesmo executados, conforme pesquisa processual no TJ-SP”. “A Construtora Queiroz Galvão reitera que apresenta resultados financeiros sólidos com situação de caixa que supera em muito sua dívida de curto e médio prazos e todos seus projetos e obras seguem o cronograma previsto.”

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(Com Estadão Conteúdo)

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