Consórcios garantem: metas para a Copa serão cumpridas
Os três grupos utilizarão capital privado e recursos do BNDES para cumprir cronograma de ampliação dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília
Em coletiva de imprensa após o encerramento do leilão de aeroportos nesta segunda-feira, os três consórcios que levaram as concessões de Guarulhos, Viracopos e Brasília (veja quadro com os grupos) comprometeram-se a cumprir o cronograma de entrega das obras de ampliação previstas para a Copa do Mundo de 2014. “Nosso foco é entregar o Terminal 3 de Guarulhos em 2014 e vamos trabalhar para que isso aconteça”, afirmou Gustavo Rocha, presidente do consórcio Invepar, composto pelos fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e pela construtora OAS, que levou o aeroporto da Grande São Paulo por 16,2 bilhões de reais, em conjunto com a operadora sul-africana ACSA.
O leilão ocorreu na manhã desta segunda, na BM&FBovespa, e resultou em uma arrecadação de mais de 24 bilhões de reais para o governo – um ágio de 347% sobre o valor mínimo estabelecido pelo edital. O lance fechado para o aeroporto de Viracopos, em Campinas, ficou em 3,82 bilhões de reais, feito pelo consórcio Aeroportos Brasil, que é composto pela Triunfo Participações, UTC Participações e Egis Airport Operation. Já para o Aeroporto de Brasília, a oferta vencedora foi a do consórcio Inframérica, com participação da Infravix e da argentina Corporación América S.A, e que chegou a 4,5 bilhões de reais.
Segundo o presidente da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Wagner Bittencourt, os aeroportos já estarão nas mãos dos sócios privados em maio. De acordo com o edital, a previsão era que a Infraero teria, no mínimo, seis meses para entregar a operação à iniciativa privada. “São grupos maduros, que estão no Brasil há muito tempo. Acredito na seriedade desses grupos. Além disso, trata-se de um bom negócio para eles”, afirmou Bittencourt.
As obras serão financiadas com capital privado e recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As empreitadas estão previstos no escopo do Programa de Aceleração de Crescimento 2 (PAC 2).
Infraero – De acordo com o edital, a Infraero mantém-se com 49% do capital dos aeroportos durante todo o período de concessão. Segundo o presidente da empresa estatal, Gustavo do Vale, os dividendos dessa participação serão equivalentes ao que a empresa arrecadaria com os aeroportos, caso não houvesse a concessão. “Essa participação não se deu para a Infraero interferir. É uma equação econômica para garantir que a Infraero mantenha seus resultados durante o período. Nós não vamos interferir em nada”, disse Vale.
Os consórcios não pouparam elogios à empresa estatal – célebre entre empresários e especialistas por sua ineficiência na gestão aeroportuária. “A Infraero tira leite de pedra. Acredito que, como operador privado, nosso consórcio terá maior facilidade de funding e de estratégia do que um operador público”, afirmou Gustavo Rocha, do Invepar.
Ainda que os consórcios realizem abertura de capital na bolsa de valores (com exceção do vencedor de Viracopos, que já está listado), a participação da empresa estatal não será diluída. “A Infraero vai acompanhar sempre”, disse Bittencourt.
Segundo o ministro, o leilão não pressupõe aumento de tarifas para a população e as mudanças na gestão já começarão a ser sentidas pelos brasileiros ainda no primeiro ano de concessão. Além das melhoras na infraestrutura, os consórcios prometem fornecer mais serviços dentro dos aeroportos.
Demissões – O presidente da Infraero afirmou que nenhum funcionário será demitido. De acordo com Vale, nos primeiros seis meses após a assinatura do contrato, todos permanecerão em seus postos. Após esse período, que coincidirá com a entrada total da iniciativa privada, a concessionária poderá escolher com quais funcionários deseja permanecer. “Os outros serão realocados nos 63 aeroportos que continuam sob gestão da Infraero. Não contrataremos novos funcionários até que todos esses profissionais sejam realocados”, afirmou.
‘Joia da coroa’ – O aeroporto de Guarulhos é considerado a “joia da coroa” do leilão e recebeu uma oferta do consórcio Invepar bem superior à dos outros concorrentes. O consórcio possui 90% de participação do grupo Invepar – fundos de pensão e OAS Construtora – e 10% de participação da empresa sul-africana ACSA, que pilotou as reformas nos principais aeroportos da África do Sul antes da Copa de 2010.
Sobre a vitória, o presidente da Invepar afirmou: ” Quem perdeu vai dizer que fomos muito agressivos. Mas, dentro de alguns anos, verão o resultado”.
Leia mais:
Leia mais: Governo arrecada R$ 24,5 bilhões em leilão de aeroportos