Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Congresso aprova mudança na regra de superávit primário

Parlamentares votam alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias que prevê que o governo deixe de ser obrigado a cobrir o superávit de estados e municípios caso estes não consigam alcançar a meta fiscal

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 nov 2013, 20h41

O Congresso aprovou na noite desta quarta-feira, em votação simbólica, o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 1/13, que muda a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2013, e contém uma importante mudança relacionada à política fiscal do país: ela prevê que o governo federal perca a obrigatoriedade de arcar com o superávit primário de estados e municípios, caso eles não consigam cumprir suas metas. Apesar da resistência da oposição, a matéria foi aprovada com facilidade após intensa pressão do Palácio do Planalto no início desta semana. O texto agora segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.

Deputados do DEM e do PSDB haviam conseguido derrubar a votação na terça-feira, a despeito da insistência da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para que o texto fosse a plenário no mesmo dia. Contudo, em minoria, a oposição não conseguiu deter a aprovação desta quarta. “Essa é mais uma artimanha do governo federal que, a cada dia que passa, perde o controle fiscal. Não é por outro motivo que o Brasil está onde está, crescendo de forma medíocre. A deterioração fiscal do Brasil é um coisa clara. Os alicerces básicos da econômica brasileira estão cada vez piores”, afirmou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

Leia também:

Mudança de regra de superávit pode sepultar (de vez) credibilidade do país

Governo desiste de ajudar estados e municípios com redução de dívidas

Continua após a publicidade

Superávit é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida. Em 2013, a meta de economia prevista é de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) – 110,9 bilhões de reais dos quais 48 bilhões correspondem ao superávit de estados e municípios. Com a proximidade do fim do ano e o iminente fechamento das contas, o governo se depara com uma dura realidade: não conseguirá cumprir a meta. Até setembro, o esforço fiscal feito pelo setor público consolidado é de 45 bilhões de reais. Isso significa que o governo central (formado pelo Banco Central, Previdência e Tesouro), estados, municípios e empresas estatais terão de economizar 66 bilhões até dezembro para conseguir cumprir a meta. O ministro Guido Mantega reconheceu que isso não vai acontecer. Daí a necessidade de mudar a regra do jogo durante a partida. “Eu sempre garanti que o governo central faria sua parte. Se os governos estaduais fizerem, nós alcançaremos. Se não, vai ser a diferença”, afirmou Mantega, em coletiva no início do mês.

Ao derrubar tal obrigação, a estratégia do Planalto é manter o superávit do governo central (que não inclui estatais, estados e municípios), e esquivar-se da obrigação de bancar o superávit que os governos locais não conseguirem cumprir. “Esse projeto é mais um jeitinho brasileiro. O governo gasta absurdos criando mais ministérios, mais estatais, esbanjando dinheiro. Esse projeto é a demonstração clara de um governo incompetente e despreparado”, afirmou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), líder do PPS na Câmara, que se manifestou durante a votação.

Leia também:

Governo deixa de arrecadar R$ 64,3 bi com desonerações em 2013

Continua após a publicidade

Desespero bate à porta e governo quer mudar regra de superávit

Arrecadação federal soma R$ 101 bi em outubro, recorde para o mês

A mudança nas regras chega em momento inoportuno, pois entrará para o leque de fatores de deterioração fiscal que as agências de classificação de risco deverão analisar para decidir pelo rebaixamento (ou não) da nota do Brasil. A contabilidade criativa e os repasses do Tesouro a bancos públicos foram os principais alvos de crítica das agências, quando rebaixaram a perspectiva do Brasil para o patamar negativo. Agora, como não há mais espaço fiscal para ‘inovações’ contábeis, a mudança de regras é alternativa solitária.

Para tentar atenuar os efeitos da provável nova regra, a presidente Dilma firmou, nesta terça, um pacto fiscal com a base para que nenhum projeto que onerasse o governo ou reduzisse arrecadação fosse aprovado até o fim do ano. A presidente usou até mesmo o Twitter para avisar sobre a ‘boa nova’. “Firmamos um pacto pela responsabilidade fiscal no qual todos os líderes dos partidos se comprometeram a não apoiar projetos que impliquem aumento de gastos ou redução de receitas”, escreveu. O pacto prevê ainda o recuo do governo em relação à mudança do indexador da dívida dos estados e municípios. Antes apoiador do projeto de lei (que beneficia, sobretudo, São Paulo), o Palácio do Planalto deverá mudar seu posicionamento para algo próximo da neutralidade.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.