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Com medo de faltar água, paulistanos esvaziam galões das prateleiras

Consumidores começam a estocar água e vendas em supermercados disparam; segundo associação do setor, há estoque suficiente para abastecer a cidade

Por Naiara Infante Bertão
19 out 2014, 16h53

O medo de escassez de água tem levado alguns paulistanos a estocar galões em suas casas, deixando prateleiras de supermercados vazias e impulsionando o preço. O casal Sylvia Regina Missagia e Rômolo Ricci, do bairro da Bela Vista, na capital, não vinha se preocupando tanto até a semana passada. Tinham o costume de filtrar a água que vinha da caixa d’água do prédio para consumo próprio. Mas, diante do receio de ficar sem água na capital paulista, o casal comprou 45 litros nesta sexta-feira. “Meu medo é que falte para beber e cozinhar”, disse Sylvia enquanto fazia compras no supermercado Pão de Açúcar, no bairro de Higienópolis. “Daqui para frente vamos comprar mais ou menos essa mesma quantidade duas vezes por semana, para garantir que, caso falte água na torneira, a tenhamos em casa”, completou Ricci.

A seca na cidade de São Paulo, o calor intenso dos últimos dias, a previsão pouco otimista para as chuvas e a falta de água em dezenas de bairros fizeram as vendas dispararem nas últimas duas semanas. “Nossa demanda dobrou e aumentou muito o número de pessoas que passaram a levar os galões de 5 ou 6,5 litros e não mais de 1,5 litro”, disse ao site de VEJA o responsável pela unidade de Higienópolis do Pão de Açúcar, Edson Silvano dos Santos. Segundo funcionário, a redução dos estoques tem ocorrido em outras unidades da rede na capital. “A loja não está conseguindo atender toda da demanda. O que vem, vai logo”, completou.

No mesmo supermercado, Leonice Reis Golçalvez também comprou seus 25 litros semanais. “Desde que a Sabesp está usando o volume morto, eu estou comprando água toda semana. Tenho receio de que a água da torneira não tenha a mesma qualidade de antes”, afirmou. Procurada pelo site de VEJA, a Sabesp garante que a qualidade do chamado volume morto, que fica abaixo do nível de captação das represas, não tem é inferior e que a bebida é própria para consumo.

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Em Pinheiros, o quadro não é diferente. O gerente do supermercado Futurama, no Largo da Batata, Davi Oliveira, não apenas disse que as vendas aumentaram muito, como agora a loja está com problema de atraso de entrega de algumas marcas, como a Crystal, da Coca-Cola. “Antes os pedidos chegavam após 24 horas, hoje está demorando de três a quatro dias”, disse. A poucos metros dali, na rua dos Pinheiros, os clientes do MiniMercado Extra já começam a perceber a subida de preços. Uma garrafa de 500 ml de água Nestlé, que antes custava 1,30 real, agora é vendida por 1,79 real. A mesma garrafa da marca Qualitá, que estava por 86 centavos há duas semanas, agora é vendida por 1,19 real. A maior procura levou o preço do galão de 6,5 litro da marca Bonafont a saltar de 6,99 para 9,79 reais nas plateleiras do Extra.

No hipermercado Carrefour, no Jardim Paulista, a alta procura pelos galões não só esgotou o estoque como também reduziu a oferta de garrafas de 1,5 litro. A demanda foi tanta que a loja já está há uma semana sem galões, que só devem ser repostos na segunda ou terça-feira.

Aos moradores do bairro do Butantã que costumam comprar no supermercado Padrão, na avenida Vital Brasil, as garrafas de água mineral também se tornaram escassas. Segundo o gerente Antônio Alvez Bezerra, as vendas subiram 30% desde o início de outubro, enquanto os preços aumentaram de 10% a 15%, em média, no período.

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Além do varejo, o atacado também encontra dificuldades em suprir a demanda. No Atacadista, somente na última semana, o volume de vendas de água mineral cresceu 30% em média. Segundo o diretor de marketing da rede, Gustavo Delamanha, a empresa precisou fazer um rearranjo no planejamento para não ter problemas de estoques nas lojas. “Estamos fazendo programação de entregas mais frequentes nas lojas devido à subida da demanda.”

Carlos Alberto Lancia, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam), garante que há fontes minerais para atender o aumento de procura na capital. Ele argumenta que o setor está preparado para aumentar em 50% a produção do bem, caso seja necessário. “Temos água para abastecer 100% dos domicílios”, diz. Segundo Lancia, a subida de preços não se deve ao aumento repentino da demanda, mas a questões trabalhistas. “Os preços subiram recentemente por causa de um dissídio coletivo no setor.”

A professora Heloisa Zonta, moradora do bairro de Pedreira, vive ao lado de uma grande fonte hídrica – seu bairro fica às margens da Represa Billings -, mas vem enfrentando dificuldades dentro de casa. Ela passou três dias – de sexta a domingo – sem nenhuma gota. Quando recorreu à água mineral no mercado próximo de sua casa, surpreendeu-se duas vezes: a primeira quando percebeu o aviso que limitava a venda de dois galões por cliente; e a segunda, quando viu que o preço havia subido de 8 para 12 reais. Dias depois, quando voltou ao supermercado, o aviso permanecia no local, mas de nada adiantava porque já não havia mais galões disponíveis.

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