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Com banco, Brics querem desafiar grandes financiadores internacionais

Grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul deve lançar banco de desenvolvimento e fundo de reservas em reunião marcada para a próxima semana em Fortaleza e em Brasília

Por Da Redação
11 jul 2014, 19h08

Líderes dos Brics (grupo formado por Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul) vão se reunir na próxima semana para lançar um banco de desenvolvimento e um fundo de reservas emergenciais. Iniciativa dessa importância não havia sido tomada desde a Segunda Guerra Mundial, quando o Acordo de Bretton Woods levou à criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, principais financiadores globais desde então. A decisão da VI Cúpula dos Brics, que será realizada em Fortaleza e em Brasília, deve pôr fim a dois anos de intensas discussões sobre a criação do banco.

Os Brics injetarão inicialmente 50 bilhões de dólares na instituição de fomento, com cada país contribuindo com igual fração. Com isso, seus integrantes buscarão conseguir influência global oferecendo a países em desenvolvimento financiamento alternativo ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “É simbolicamente importante. Sinaliza a insatisfação dos Brics com sua posição no palco econômico global”, disse o economista Charles Collyns, do Institute of International Finance, que representa os principais bancos privados e instituições financeiras do mundo. “O fato de que eles consigam se juntar e acertar a implementação dessas instituições é um símbolo importante de sua crescente importância”, acrescentou.

O fato de o banco ser chamado Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), e não um nome limitado à sigla dos cinco países, deixa a porta aberta para outros emergentes como Turquia, México, Indonésia e Nigéria se juntarem como sócios no futuro. Muitas das regras operacionais do banco, como investimento futuro em projetos privados, serão decididas após sua criação formal na Cúpula. O banco deve fazer seu primeiro empréstimo em 2016.

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Sede – Líderes dos Brics decidirão na terça-feira que país controlará a primeira presidência de 5 anos do banco e se ele será sediado em Xangai, na China, ou em Nova Délhi, na Índia. Além das favoritas, a cidade sul-africana de Johannesburgo continua na disputa para abrigar a sede. “Não houve decisão sobre a sede do banco”, declarou o ministro da Indústria da África do Sul, Rob Davies, respondendo ao anúncio do Kremlin, que na quinta-feira havia indicado que a sede do banco comum seria em Xangai.

Temores de que a China, cuja economia é muito maior do que às de todos os outros Brics somadas, poderia tomar o banco para atender seus próprios interesses, levantaram dúvidas sobre seu futuro. “Os Brics não querem ver um mundo em que a China substitui os Estados Unidos como a hegemonia global. O Brasil e alguns outros estão muito preocupados com a ascensão da China”, disse o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Oliver Stuenkel, autor de vários trabalhos sobre os Brics.

Além do banco, o grupo dos cinco países também vai criar um fundo de reservas de contingência de 100 bilhões de dólares, que poderia começar as operações até 2015 para ajudar qualquer um de seus membros, se eles forem atingidos por uma fuga súbita de capitais. Os Brics estão à frente do crescente coro de países emergentes e desenvolvidos que se queixam de que o FMI e o Banco Mundial impõem políticas de austeridade sobre eles em troca de empréstimos, sem oferecer grande poder de decisão sobre os termos.

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O NBD e o fundo de reservas vêm em resposta a tentativas malsucedidas de aumentar a influência dos Brics no FMI. Os poderes de voto dos países do bloco no Fundo não refletem, segundo os representantes dos Brics, sua recente ascensão econômica. Levantamento do próprio Fundo mostra que os cinco países respondem por quase um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) global e sustentam 40% da população do mundo.

O termo Brics foi cunhado em 2001 pelo economista do Goldman Sachs Jim O’Neill, como uma maneira de se referir ao grupo de mercados emergentes com grande potencial econômico. Em 2009, os líderes desses países abraçaram o acrônimo e começaram a realizar cúpulas anuais com o objetivo de aumentar sua influência coletiva global.

Embora os Brics continuem crescendo em ritmo maior do que a maioria dos países desenvolvidos, suas economias desaceleraram fortemente nos últimos anos. Alguns temem que a desaceleração possa prejudicar sua influência no sistema financeiro global, mesmo se continuarem sendo o motor do crescimento mundial. “O peso dos Brics no palco global está bastante ligado à sua performance econômica”, disse o diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CINDES), Pedro da Motta Veiga. “Eles não são os mesmos Brics explosivos de uma década atrás e isso poderia diminuir sua influência”, emendou.

(com agências France-Presse e Reuters)

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