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Com a crise, dispara número de empresas caloteiras

Quase metade do total de companhias em funcionamento do Brasil estão inadimplentes, segundo levantamento da Serasa Experian

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 ago 2015, 08h29

O número de empresas brasileiras inadimplentes cresceu 11% em junho deste ano ante o mesmo mês do ano passado. Segundo levantamento feito pela consultoria Serasa Experian, obtido com exclusividade pelo site de VEJA, já são mais de 3,9 milhões de empresas endividadas – em junho de 2014, eram 3,5 milhões. Ao todo, o Brasil tem 7,9 milhões de empresas em funcionamento – portanto, quase metade (49%) está em situação de calote com ao menos um credor.

Especialistas apontam que o fenômeno é preocupante, sobretudo, porque o país passa por um período de desaceleração na atividade econômica e por um ciclo de aperto monetário. “A recessão econômica somada à taxa de juros é uma combinação fatal para as empresas”, diz o economista do Serasa Experian, Luiz Rabi. Segundo ele, enquanto o ambiente recessivo leva à queda da receita das empresas, os juros elevados ampliam as despesas. E, assim, elas caminham para a insolvência.

Com problemas para levantar caixa, as companhias tentam adiar o pagamentos de débitos. Se não conseguem postergá-los, tornam-se inadimplentes. Em casos extremos, decretam a falência e fecham as portas. Segundo Serasa Experian, os requerimentos de recuperação judicial bateram o recorde nos sete primeiros meses deste ano, com 627 ocorrências. o maior número desde 2006, quando entrou em vigor a nova Lei de Falências.

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Crise econômica faz o crédito secar para as empresas

O estudo também traçou o perfil das empresas negativadas. A maioria pertence ao setor de comércio (44,1%), localiza-se na Região Sudeste (51,3%), atrasa o pagamento em períodos de 1 a 2 anos (20,6%) e tem pouco tempo de funcionamento. As mais jovens são as mais propensas a não conseguir cumprir seus compromissos. Cerca de 40% das inadimplentes têm de 2 a 5 anos de operação. Depois, aparecem as com 6 a 10 anos de vida (21,8%), e com 10 a 15 anos (13%). “Isso mostra que empresas no Brasil ficam inadimplentes muito rapidamente. As mais recentes são mais suscetíveis”, diz Rabi.

A principal consequência do aumento da inadimplência na livre iniciativa é o encarecimento do crédito. “Quem fica inadimplente não paga o credor, e normalmente esse credor é bancário. Esse custo é repassado ao sistema financeiro nas operações de crédito”, afirma o economista. Mais cautelosos, os bancos passam a restringir os empréstimos às grandes empresas. Segundo o Serasa, a participação de pequenas e médias companhias na carteira de crédito dos quatro maiores bancos do país (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Caixa) foi de 34% no primeiro trimestre de 2015 – em 2011, esse mesmo indicador estava em 44%. “O problema é que 90% das empresas do Brasil são médias ou pequenas”, constata.

Segundo o economista, esse fenômeno retroalimenta o ciclo de recessão econômica – com a alta da inadimplência, os juros sobem, encarecendo o crédito e agravando a desaceleração, que, por sua vez, aumenta a inadimplência, e por aí vai a roda. “Isso precisa ser quebrado por algum fator externo, como a melhora no cenário inflacionário. É por isso que ainda não está claro quando o horizonte de recessão no Brasil vai terminar”, conclui Rabin.

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