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Cinco de seis índices de confiança no país melhoram em janeiro

Indicadores ainda estão em patamar muito baixo, mas melhora da confiança é alento para setores como a indústria

Por Da Redação
11 fev 2016, 10h36

Cinco de seis indicadores que medem a confiança e as expectativas em diferentes setores da economia voltaram a crescer em janeiro em relação ao final do ano passado. Economistas dizem que é cedo para falar em recuperação porque o cenário econômico ainda é ruim e os indicadores estão em um patamar muito baixo. Mas o fato de a confiança interromper a trajetória de queda em vários setores e voltar a crescer pode ser uma primeira pista de que o pior da crise pode ter ficado para trás, especialmente no caso da indústria.

No mês passado, o índice de confiança dos empresários da indústria, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), atingiu 78 pontos e avançou 2,6% em relação a dezembro, descontadas as variações que sempre ocorrem nesse período. Nas mesmas bases de comparação, movimentos semelhantes de alta de dezembro para janeiro de outros indicadores de confiança da FGV foram registrados nos serviços (2,8%), no comércio (6,4%), no consumidor (2,5%) e no emprego (5,4%). Só o setor de construção civil destoa: a confiança recuou 0,7 ponto de dezembro para janeiro.

“Há uma boa chance de que tenhamos atingido o piso desses indicadores no final do ano passado, mas acredito que vamos ter que esperar um pouco mais para confirmar se houve uma virada”, afirma o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV, Aloisio Campelo.

Dúvidas sobre a reação – O economista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti, diz que é cedo para acreditar em reversão sustentável. “O cenário econômico é bastante adverso: estamos no meio de um ajuste do emprego e da renda, convivendo com inflação elevada e contração do crédito.”

Para Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, os índices de confiança podem ter parado de cair não porque a situação da economia melhorou, mas porque a atividade está tão ruim que os agentes acreditam que não possa piorar mais. “Neste ano ainda vejo queda na atividade, mas num ritmo menor do que no ano passado.”

Campelo, da FGV, diz que houve uma espécie de “aterrissagem” dos indicadores de confiança no final de 2015, e na indústria já é possível notar uma melhora. Em janeiro, a confiança dos empresários da indústria teve a segunda alta seguida. O indicador subiu em doze de dezenove segmentos na comparação com dezembro.

“A confiança dos empresários da indústria parou de cair desde agosto”, diz Campelo. Isso porque o setor, baseado na forte contração da produção, conseguiu ajustar o estoque ao tamanho menor do mercado.

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Bacciotti concorda com Campelo e diz que o cenário é mais favorável para a indústria porque, além do ajuste de estoques, o setor é beneficiado pelo câmbio depreciado, que amplia a competitividade das exportações, e pelo arrefecimento dos custos salariais que ocorrem por causa da recessão.

No caso da confiança do consumidor, Campelo também vê fatores objetivos para que o índice tenha parado de cair. Ele lembra que o consumo das famílias despencou no ano passado, as pessoas ficaram mais cautelosas, reduziram as compras e fizeram um ajuste. “Os orçamentos domésticos continuam apertados, mas, daqui para a frente, as taxas começam cair de forma menos intensa, pois a base de comparação é fraca”, argumenta.

O economista lembra que esse movimento provocado pela base fraca de comparação é esperado nos ciclos da economia. O difícil é saber se ele veio para ficar.

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Zigue-zague – Um ponto levantado pelo superintendente da FGV é a sustentabilidade dessa possível recuperação. “Fiz um exercício com 37 países e constatei que quanto mais longa a fase de queda da confiança, mais tempo demora para a economia se recuperar.”

Isso significa que em recessões longas, como a atual, a recuperação é mais volátil. Isto é, pode ter início uma fase de recuperação que depois é interrompida. Como os economistas gostam de ilustrar, seria uma recuperação afetada por turbulências, no formato da letra W.

Enquanto não se sabe ao certo se, de fato, o avanço da maioria dos índices de confiança é um sinal de recuperação, no caso da construção civil, essa hipótese está descartada. Em janeiro, a confiança do setor atingiu o menor nível da série histórica, iniciada em julho de 2010.

Além de o ciclo da construção ser mais longo comparado aos demais, hoje há incertezas que afetam o setor tanto no segmento imobiliário como no de infraestrutura. Além disso, as turbulências por causa das investigações da Operação Lava Jato ajudam a piorar o cenário.

(Com Estadão Conteúdo)

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