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Brasil precisa de liderança forte para retomar investimentos, diz BlackRock

Axel Christensen, chefe de investimentos para a América Latina da maior gestora global de recursos, também reforçou que indicadores macroeconômicos precisam se estabilizar

Por Luís Lima 27 out 2015, 10h17

Se o chefe de investimentos para a América Latina da maior gestora de recursos do mundo pudesse fazer dois pedidos para o país retomar sua atratividade, eles seriam: a existência de uma liderança política forte e a estabilidade macroeconômica. “É preciso uma liderança forte. Sabemos o ponto que queremos chegar, mas não há vontade – ou capacidade – para se chegar lá. E o custo disso é muito alto”, destacou Axel Christensen, da BlackRock. Em evento da revista britânica The Economist, em São Paulo, Christensen ainda disse que ainda não há no horizonte do mercado a perspectiva de uma melhora macroeconômica. “Os indicadores continuam caindo. E isso não tranquiliza em nada.”

Para o diretor da BlackRock, a promessa que alguns emergentes fizeram a investidores no passado ficou “no meio do caminho”. “Esperava-se um maior crescimento, e que o retorno compensaria os riscos, inclusive, políticos. Mas isso não foi entregue. O que vemos é um crescimento muito pequeno em comparação com os países desenvolvidos”, disse. “Quando falo com pessoas que querem investir na América Latina, questiono: por que investir em um país com inflação, crise política e previsão de recessão de dois anos se posso investir, de forma mais segura, em nações desenvolvidas?”, provocou, em referência à situação brasileira.

Christensen também lembrou a icônica capa da Economist que traz um Cristo Redentor decolando, nos tempos mais promissores para a economia do país. “Nesta época foi difícil para os países da América Latina aproveitar o ambiente favorável, com facilidade de crédito e taxas baixas, para fazer as reformas estruturais”, disse. Segundo ele, foi mais tentador o sentimento de deixar para depois – um “depois” que nunca chegou. “É preciso haver uma crise para trazer à tona decisões que são difíceis de ser tomadas.”

Em um cenário classificado cada vez mais desafiador para o investimento, o diretor da BlackRock disse que o Brasil perdeu uma grande vantagem, antes valorizada por estrangeiros: a ascensão da classe média. “Hoje temos inflação, vemos um mercado de trabalho engessado, e essa ideia [de ascensão] está se invertendo, ou seja, temos pessoas que estão voltando para a classe baixa.”

Apesar dos desafios macroeconômicos, ele ponderou que ainda há oportunidades no país. “Alguns investidores de emergentes gostam do pessimismo, pois é nele que surgem oportunidades a bons preços. De qualquer forma, estamos cruzando os dedos, à espera do momento de recuperação.”

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No mesmo painel, o presidente do conselho da BMF&Bovespa, Pedro Parente, também reforçou a importância de uma figura política forte para que o país saia da crise econômica. “O Brasil precisa de um verdadeiro líder com a estrutura dos grandes líderes mundiais para conduzir o país à solução de seus problemas críticos. Verdadeiros estadistas fazem as reformas necessárias, mesmo que não tenham efeitos no curto prazo”, pontuou.

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Ao comentar a crise econômica, ele enfatizou que o modelo brasileiro “surtou”, ao combinar elementos de uma tempestade perfeita: inflação elevada, déficit fiscal, juros altos e baixa competitividade. Para ele, a retomada de uma trajetória de crescimento passa pela desvinculação de despesas com educação e saúde à arrecadação. “O problema fiscal não se resolve sem endereçar essa questão. O aumento de impostos em si não adianta. É contraproducente. Só fará com que as autoridades relaxem e não aproveitem a crise como devem”, criticou.

Em sua fala, a economista Monica de Bolle destacou que o país vive um momento de dominância fiscal. Ela explica que a situação se dá pelo fato de a deterioração fiscal – como um déficit nominal perto do dos EUA durante a crise — ser tão grande que inviabiliza os esforços do Banco Central (BC) em controlar a inflação. “Isso nos coloca numa situação muito infeliz, pois não há âncoras fiscal, nem monetária, resultando numa inflação crescente”, diz.

A economista aproveitou também para criticar a que chamou de “armadilha fiscal” na qual está o Brasil, com um orçamento rígido e margem pequena de manobra para corte de gastos. Segundo ela, por muitos anos o governo descuidou do lado parafiscal, com o uso excessivo de crédito subsidiado de bancos públicos, sobretudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) , para dar suporte ao crescimento nacional.

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