Brasil pode perder programa do etanol, diz Pedro Parente
Para o executivo, governo esqueceu-se da capacidade do setor sucroalcoleiro
O presidente da Bunge Brasil e ex-ministro, Pedro Parente, disse que o Brasil está caminhando para perder o programa do etanol em função da redução de competitividade do combustível renovável em relação à gasolina. Parente respondeu à afirmação do ministro Guido Mantega de que deverá manter os preços da gasolina nos atuais patamares. O executivo foi um dos convidados do Exame Fórum – evento criado pelo Grupo Abril, que publica VEJA.
O ministro também colocou panos quentes na expectativa do setor de haver uma reforma tributária no curto prazo, o que poderia criar competitividade para a indústria do etanol. Parente salientou que o governo está esquecendo da capacidade do setor sucroalcooleiro em gerar empregos, além do fato do etanol ser um combustível renovável.
“O que a gente vê é que o governo tem um diagnóstico que coincide com o nosso e que ele está tentando resolver o problema. O que eu não sei é se senso de urgência é o mesmo: o que o governo vê e o que o setor vê”, disse Parente. O executivo enfatizou que, caso o governo volte a olhar para o etanol, o setor poderá ter 100 bilhões de reais para investir em encomendas para a indústria. Ainda segundo ele, o setor usa 95% de conteúdo nacional.
Nos últimos anos, usinas têm reduzido drasticamente os investimentos em novos projetos e plantio de novos canaviais, alegando que os preços do etanol não são competitivos em relação à gasolina, tornando as margens de lucros das usinas muito apertadas.
(Por Gustavo Bonato)