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Brasil cresce, mas China é o foco da Airbus

Vice-presidente da empresa para América Latina e Caribe afirma que, apesar da desaceleração atual, crescimento do tráfego vai se manter no país

Por Ana Clara Costa
22 mar 2012, 21h36

Um A380 decola no mundo a cada dez minutos. O cálculo, no entanto, exclui o Brasil. A maior aeronave da francesa Airbus está no mercado desde 2007, pode transportar até 853 passageiros e briga para ser a substituta do Boeing 747 nos voos de longa distância. Contudo, a empresa ainda não conseguiu fazer nenhuma venda do modelo no mercado nacional. Este fato nem de longe significa que a fabricante aeronáutica está insatisfeita com seus resultados por aqui. Nos últimos quatro anos, ela vendeu nada menos que 300 aeronaves no Brasil, o que significa 80% das vendas de aviões ao mercado latino-americano.

Para o vice-presidente da empresa para América Latina e Caribe, Rafael Alonso, que veio ao país nesta quinta-feira para apresentar seu maior modelo no A380 World Tour, os negócios vão se multiplicar no longo prazo. “Nos próximos 20 anos, haverá uma demanda de mais de 700 aeronaves no Brasil. Apesar de uma possível desaceleração econômica, temos razões para manter o otimismo”, disse o executivo em entrevista ao site de VEJA. Contudo, na avaliação dele, a China é o país que atrai todos os holofotes. Até 2032, o país irá a mercado atrás de mais de 5 mil aeronaves. “É o nosso principal mercado”, diz Alonso.

A Airbus atribui a maior parte de seu crescimento no Brasil ao avanço do Produto Interno Bruto (PIB). Mas as estimativas do mercado são de que o PIB cresça a um ritmo menos robusto nos próximos anos. Como isso afeta a perspectiva de demanda por aeronaves no país?

O tráfego aéreo, em qualquer lugar do mundo, está sempre atrelado ao PIB. A estimativa é que o avanço do tráfego é 2% a 3% maior que o crescimento da economia. Nos últimos anos, a América Latina – e em particular o Brasil – observou uma expansão muito grande dos vôos, graças, sobretudo, ao desenvolvimento econômico da região. Em um futuro imediato, sabemos que o crescimento não será tão forte como foi na última década, mas continuará importante. Mas o que nós olhamos é o longo prazo. Não se trata de um horizonte de dois ou três anos, mas e sim de décadas. Nos próximos 20 anos, haverá uma demanda de mais de 700 aeronaves no Brasil e cerca de 2 mil para todo o mercado latino-americano. Então, apesar de uma possível desaceleração, temos razões para manter o otimismo.

No ano passado, o presidente da Air France, uma das principais clientes da Airbus, afirmou que a falta de infraestrutura aeroportuária atrasava o crescimento da empresa no Brasil. Para a Airbus, isso também ocorre?

Como a Air France é uma companhia aérea, a percepção que ela tem do mercado brasileiro pode diferir um pouco da Airbus. Mas, sem dúvida, há muito o que modernizar em todo o sistema aeroportuário do país. Penso que, finalmente, atitudes corretas estão sendo tomadas, como a privatização parcial de alguns aeroportos. Uma vez que esse processo de privatização termine, haverá certamente mais investimentos e melhora significativa na infraestrutura – sem a qual os aviões não podem operar e as companhias não podem vir ao país.

Qual é a participação do Brasil nos negócios da Airbus?

Considerando toda a América Latina, há duas nações grandes e importantes, que são Brasil e México. Depois, há o Chile, a Argentina e a Colômbia, que possuem tamanho médio. O Brasil, sem dúvida, é o mercado número um na região. Cerca de 30% das novas aeronaves que chegarão à América Latina ficarão no país.

Com a crise na Europa, analistas do setor estimam que algumas empresas aéreas possam não sobreviver. A Airbus está preparada para esse cenário?

A Europa passa por um momento delicado e isso acaba se extendendo à Airbus. Mas somos uma empresa global. Por isso, quando uma região está mal, pode ser compensada por outra que vai muito bem. Se a Europa está fraca, a Ásia está crescendo muito, a América Latina também e a América do Norte já dá sinais de recuperação. Então, na conta final, as regiões se equilibram. Temos buscado, além disso, muita eficiência na hora de administrar nossa carteira de pedidos. Se analisamos a evolução das vendas da Airbus, vemos que as entregas estão sempre subindo. Não houve queda em 2008. Isso ocorre porque, quando percebemos que uma zona pode entrar em crise, tentamos rearranjar os pedidos para que outra região receba os aviões que a que está vivendo um momento de turbulência não pode receber.

A Ásia tornou-se então o mercado mais importante para a empresa?

Sem dúvida, sobretudo a China. O mercado chinês terá uma demanda de 5 mil a 6 mil aviões nos próximos anos. Junto com a Índia, é o país que terá o maior aumento de fluxo de passageiros nos próximos 20 anos. Geograficamente, a Ásia será responsável por 34% da demanda mundial nas próximas duas décadas.

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