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Brasil cresce 0,4% no segundo trimestre

PIB divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE ficou um pouco abaixo do apontado pelo índice prévio do Banco Central, mas em linha com projeções

Por Naiara Infante Bertão
31 ago 2012, 09h01

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta sexta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2012, contra uma expansão de apenas 0,1% nos primeiros três meses do ano, com dados revisados pelo IBGE – na medição anterior a economia havia crescido 0,2%, segundo o órgão. Em valores correntes, isso representa 1,10 trilhão de reais. Na comparação com o segundo trimestre de 2011, o PIB cresceu 0,5% e a agropecuária se destacou ao crescer (1,7%). Enquanto a agropecuária foi o setor que mais cresceu na comparação do primeiro contra o segundo trimestre (4,9%), a indústria desacelerou 2,5% e puxou o índice para baixo.

No primeiro semestre, o PIB totaliza alta de 0,6% e, em 12 meses, de 1,2%. Em outras palavras, a atividade econômica começa a reagir levemente, mas segue com um crescimento tímido e aquém de outros emergentes. A economia chilena, por exemplo, mostrou expansão de 5,5% entre abril e junho, enquanto a mexicana cresceu 4,1% no mesmo período.

O indicador do avanço da economia brasileira veio em linha com as apostas do economistas ouvidos pelo site de VEJA, cujas expectativas iam de 0,4% a 0,5%. “O principal peso negativo no PIB é o fraco desempenho da indústria, fortemente impactada pela crise na Europa e pela diminuição do consumo no Brasil”, explica Juan Jensen, economista da Tendências Consultoria. Ele projeta um PIB de 1,6% para este ano e está confiante que o segundo semestre será melhor que o primeiro porque a economia lentamente começa a mostrar alguns sinais de recuperação. “O consumo volta a ganhar força, os estoques da indústria estão diminuindo, o real desvalorizado acaba favorecendo a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e os países da zona do euro estão empenhados em enfrentar as turbulências financeiras“, aponta.

Em junho, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que é considerado uma prévia do PIB, avançou 0,75% sobre maio, na série com ajuste sazonal – um valor, portanto, mais palatável que o desempenho trimestral e que traz esperança de resultados melhores nos próximos meses.

Ânimo – A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff tenta, desde o início do ano, por diversas frentes, elevar o consumo e fazer o país crescer com maior vigor. Foram feitos sucessivos cortes na taxa básica de juros (Selic); pressão para os bancos baixarem suas taxas ao tomador final e aumentarem o acesso ao crédito; concessões de benefícios fiscais à indústria e, mais recentemente, o anúncio de pacotes de investimento em infraestrutura e energia, lançando mão, inclusive, do expediente das privatizações para diminuir o ‘custo Brasil’ e elevar a taxa de investimento. Na quarta-feira, o Banco Central baixou para 7,5% a Selic e há economistas que esperam nova queda ainda neste ano.

Para Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a decisão do BC foi correta, mas não trará efeito sobre a economia neste ano, uma vez que ações de política monetária visam o médio e longo prazo. “A previsão da Fiesp é que o PIB irá crescer apenas 1,4% até o final de 2012, enquanto a indústria de transformação terá crescimento negativo de 1,3%, ou seja, o ano praticamente está perdido”, afirma Skaf.

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Outros especialistas demonstram maior otimismo, principalmente com o próximo ano. Marco Maciel, economista-chefe do Banco Pine, avalia que o conjunto de ações do Planalto neste ano pode levar o PIB de 2013 para a casa dos 4%. “O ideal seria que o governo não mexesse na taxa Selic no ano que vem para dar maior previsibilidade de longo prazo ao empresariado e puxar o crescimento nos próximos anos. Contudo, a inflação deve subir e preocupar a autoridade monetária”, comenta. Sua expectativa para o PIB de 2012 gira entre 1,5% a 2% e condiz com as projeções dos economistas ouvidos pelo Banco Central no relatório Focus. A média dos números apontam para um crescimento da economia de 1,73% neste ano e de 4% em 2013. O quadro atual, no entanto, é bem diferente do esperado no início do ano. O Focus de 13 de janeiro, por exemplo, apontava alta de 3,27% para 2012 e 4,20% para o próximo ano.

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“O PIB de 2012 será pífio. Este resultado é tão baixo, mas tão baixo, que, se quisermos chegar a uma expansão de 1,8% em 2012, teríamos de crescer 1,7% em média no terceiro e quarto trimestres – valor muito superior ao verificado no período pré-crise. Uma hipótese irrealista a meu ver”, diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora, que esperava 0,34% para o PIB deste segundo trimestre. Na avaliação dele, o ideal seria o governo cortar ainda mais os juros para contribuir para o avanço da economia.

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Limites – Mesmo com os esforços do governo, há quem não esteja tão confiante com a economia no ano que vem. O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana, acredita que a crise na Europa ainda vai puxar o PIB mundial para baixo e o Brasil vai crescer perto de 2,5%. Ele avalia que não adianta apenas o governo lançar pacotes e anunciar medidas de estímulo. “É preciso aumentar a capacidade econômica do país, o que só conseguiremos se melhorarmos a nossa infraestrutura, educação, saúde e segurança”, diz.

Para ele, os benefícios à indústria e a baixa dos juros básicos são importantes no curto prazo, mas reitera que chegará um momento em que as pessoas já terão consumido tudo o que podiam e o Brasil precisará de mais espaço para crescer – e os gargalos atuais atrapalham. Sua projeção para o PIB deste ano está entre 1,8% e 2%.

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