Bernanke pede urgência em acordo sobre ‘abismo fiscal’
Presidente do Fed afirmou nesta terça que 2013 pode ser um ano muito bom para a economia dos EUA se os políticos chegarem a um acordo urgente
O presidente do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve), Ben Bernanke, afirmou nesta terça-feira que 2013 pode ser um “ano muito bom” para a economia norte-americana se os políticos chegarem o quanto antes a um acordo para evitar o chamado abismo fiscal (veja quadro explicativo).
O poderoso chefe do BC americano disse que a economia local pode se fortalecer no próximo ano se os políticos chegarem rapidamente a um consenso para evitar uma crise das contas públicas do país – o que, se não for evitada, desencaderia uma série de cortes de despesas e aumentos de impostos automáticos já a partir de janeiro. Ele acrescentou que o estímulo mais recente do Fed continuará dando apoio à atividade econômica.
Bernanke admitiu, porém, que os temores sobre o abismo fiscal já estão causando incertezas nos mercados financeiros e possivelmente prejudicando o crescimento.
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“Tais incertezas só serão aumentadas por discórdia e atraso”, disse em comentários preparados para o Clube Econômico de Nova York. “Por outro lado, cooperação e criatividade para dar clareza fiscal – em particular, um plano para resolver as questões orçamentárias de longo prazo sem prejudicar a recuperação – podem ajudar a tornar o novo ano muito bom para a economia norte-americana.”
O mercado de trabalho continua longe de estar saudável, disse Bernanke, em discurso nesta terça-feira para evento no Clube Econômico de Nova York, num sinal de que o Fed provavelmente não está preparado para reduzir a escala dos seus programas de compra de ativos. Além disso, afirmou que a autoridade monetária quer estar segura em relação à recuperação da economia antes de começar a remover estímulos adotados até agora.
A taxa de desemprego vem caindo gradualmente nos país, mas continua bem acima do seu nível sustentável de longo prazo, disse Bernanke. “Ainda temos algum caminho pela frente antes que o mercado de trabalho possa ser chamado de saudável novamente”, afirmou.
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Atividade econômica – Em sua avaliação sobre a economia americana, ele reconheceu que o ritmo da recuperação tem sido mais lento que o esperado e que a crise reduziu o crescimento potencial do país. Bernanke afirmou que a taxa de desemprego, atualmente em 7,9%, pode estar de dois a 2,5 pontos porcentuais acima do seu nível sustentável de longo prazo, mas acrescentou que a fraqueza no mercado de trabalho está mais relacionada à demanda, e que não é estrutural.
Ele também previu que a inflação continuará abaixo da meta de 2% por vários anos. “No geral, a inflação está sob controle, a expectativa é de estabilidade”, afirmou. O economista disse ainda que o mercado imobiliário está se recuperando, mas ressalvou que as melhorias serão modestas daqui para frente, pois alguns fatores ainda restringem a recuperação, como, por exemplo, a contínua fraqueza dos empréstimos bancários.
Sobre as perspectivas para a política monetária, Bernanke afirmou que “o Fed quer estar seguro de que a recuperação está estabelecida antes de começar a normalizar sua política”. Ele explicou ainda que a promessa da instituição de manter os juros extremamente baixos até meados de 2015 não significa uma previsão pessimista. Para ele, a política monetária vem sendo capaz de anular os obstáculos à economia dos EUA.
Compra de títulos – Bernanke não sinalizou o que o Fed deverá fazer após o término da Operação Twist – que consiste na venda de títulos públicos de curto prazo ao mercado e na recompra de papéis de longo prazo. Em setembro, ele afirmou que o Fed avaliaria todos os seus programas de compras de bônus quando a Operação Twist chegasse ao fim, em dezembro. Alguns economistas esperam que o Fed comece a comprar títulos da dívida norte-americana com dinheiro novo, o que aumentaria o tamanho do seu portfólio de ativos. O Fed também poderia deixar que a Operação Twist acabasse sem substituí-la por outras medidas. A próxima reunião de política monetária do Fed está marcada para 11 e 12 de dezembro.
(com Estadão Conteúdo e Reuters)