BC reduz projeção para déficit em conta corrente a US$ 56 bilhões
Segundo o BC, os Investimentos Estrangeiros Diretos não serão suficiente para cobrir o saldo
O Banco Central (BC) reduziu a projeção de déficit em transações correntes do país para 2012, de 68 bilhões de dólares para 56 bilhões de dólares. O novo número, mesmo assim, não será coberto pelos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), cuja estimativa do BC para o ano foi mantida em 50 bilhões de dólares.
Diante de uma economia global que ainda patina, o BC também diminuiu suas contas sobre as remessas de lucros e dividendos, de 38 bilhões para 28 bilhões de dólares, uma das principais variáveis que tem impactado na conta corrente do país.
A redução nas contas para as transações correntes do país também ocorre em um contexto de fragilidade da economia brasileira, indicando que o rebaixamento é também consequência de menor demanda por bens e serviços no exterior.
Em maio, o Brasil registrou déficit na conta corrente de 3,468 bilhões de dólares, em linha com a previsão de economistas ouvidos pela Reuters, de 3,4 bilhões de dólares. Em 12 meses, o resultado representa 2,11% o do Produto Interno Bruto (PIB).
O BC informou ainda que os investimentos estrangeiros diretos no país somaram 3,716 bilhões de dólares no mês passado, acima do esperado pela própria autoridade monetária, de 3 bilhões de dólares. No acumulado do ano, no entanto, o ingresso soma 23,323 bilhões de dólares, abaixo do montante de 27,027 bilhões de dólares registrado em igual período de 2011.
Apesar da redução do fluxo de IED na comparação com o ano passado, esses recursos financiaram plenamente o déficit de 20,958 bilhões de dólares em transações correntes entre janeiro e maio.
No item viagens, segundo o BC mostrou que gasto dos brasileiros no exterior em maio superou em 1,298 bilhão de dólares o de estrangeiros no país. No ano, essa despesa líquida está em 6,010 bilhões de dólares.
As remessas líquidas de lucros e dividendos atingiram 2,550 bilhões de dólares em maio e 8,444 bilhões de dólares no acumulado do ano. Em 2011, essas remessas foram 4,189 bilhões de dólares e de 14,704 bilhões de dólares, respectivamente.
Comércio – Os fluxos de comércio tem se reduzido no Brasil este ano devido a uma persistente incerteza sobre o panorama da economia global, sobretudo na Europa.
Assim como a crise tem afetado a demanda de produtos brasileiros, ela tem provocado aumento no montante de lucros e dividendos que as empresas repatriam às matrizes no exterior.
O governo espera que parte dos problemas do comércio sejam revertidos com a recente desvalorização do real em relação ao dólar. Isso poderia compensar parte das perdas ao tornar o valor dos bens brasileiros mais competitivos, deixando também as importações mais caras.
(Com agências Estado e Reuters)