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BC prevê mais volatilidade no câmbio e diz que pode agir

Para o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, a volatilidade do câmbio continuará enquanto os problemas da Europa não forem resolvidos

Por Da Redação
27 set 2011, 15h04

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, estimou que a volatilidade do câmbio continuará enquanto os problemas dos países da Europa não forem resolvidos. Ele acrescentou que o BC está pronto para garantir o funcionamento do mercado de câmbio no Brasil com liquidez. “A volatilidade depende do movimento internacional do dólar. Houve um aumento do dólar contra todas as moedas. Não foi diferente em relação ao real. A diferença do Brasil é que temos capacidade de atuar e fazer com o que o mercado funcione de forma adequada para enfrentar a volatilidade natural nesse período”, avaliou, durante audiência no Senado.

“Enquanto as questões maiores do cenário internacional, como a crise soberana da Europa, não forem resolvidas de forma mais definitiva, podemos esperar à frente volatilidade das moedas e dos mercados”, disse. Para Tombini, esse é um movimento internacional e não só no Brasil. “O BC está pronto para fazer com que os vários segmentos do mercado de câmbio funcionem de forma adequada e com liquidez”, afirmou.

Divergência – Questionado sobre a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo não adotará mais medidas para enfrentar a crise, Tombini respondeu: “Nós estamos de acordo, obviamente. O Banco Central têm dito que, em relação ao mercado de câmbio, irá atuar sempre que encontrar uma disfuncionalidade. Temos instrumento e nos preparamos para isso. E é assim que atuaremos nesse momento de maior turbulência no mercado internacional”.

Tombini falou ainda que a instituição poderá voltar a oferecer financiamento ao exportador se houver falta de oferta desse crédito no mercado. Na crise de 2008 e 2009, o BC agiu nesse segmento. “Na semana passada, atuamos no mercado futuro e estamos prontos para fazer com que os mercados funcionem de maneira adequada. Se identificarmos falta de liquidez, vamos agir. Se faltar linha de financiamento de comércio exterior, por exemplo, temos condição de dar liquidez a esse mercado”, disse.

Câmbio flutuante – Respondendo a perguntas dos senadores, o presidente do BC reafirmou que o regime de câmbio no Brasil é e continuará a ser flutuante. “Seria uma loucura mexer com o nosso regime que funciona bem e colocar uma banda de câmbio”, respondeu, rechaçando a hipótese de que a instituição opera no mercado de câmbio para, por exemplo, estabelecer uma banda de variação da moeda. “Não há questão de banda.”

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Tombini explicou que o BC decide atuar no mercado de câmbio para manter condições adequadas nos negócios. “Olhamos a velocidade, a funcionalidade, peculiaridades do mercado. Se não existe provedor de recurso, se não há liquidez, atuamos porque estamos preparados para restabelecer o nível de funcionalidade”, disse.

Inflação – O presidente do BC repetiu a avaliação de que o efeito das variações do dólar na inflação brasileira é cada vez menor. “Vimos que o repasse do câmbio para a inflação diminuiu ao longo do tempo”. Cálculos do BC mostram que a inflação sente, em um prazo de doze meses, cerca de 5% da variação do câmbio – ou seja, se o dólar subir 10%, a inflação avança 0,5 ponto porcentual em doze meses.

Tombini usou como argumento o efeito do aumento do dólar na crise de 2008 e 2009 na inflação brasileira. Ele disse que, mesmo com redução na época do juro básico da economia em 5 pontos porcentuais, estímulos fiscais e valorização do dólar, a inflação permaneceu dentro da meta naqueles dois anos.

Ao ser questionado sobre os impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, Tombini lembrou que a ata da reunião de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom) previa que o Brasil sentiria cerca de um quarto do efeito visto na crise de 2008/2009. O efeito, porém, poderá ser alterado. “Se ocorrer um novo evento, será preciso reavaliar os impactos”, disse.

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Ainda assim, o presidente do BC previu que a inflação em 2011 não vai superar o teto da meta, como vêm projetando analistas do mercado financeiro. Tombini fala em um recuo de 1 ponto porcentual da inflação acumulada em 12 meses até o final do ano.

Sobre a possibilidade de estouro do teto da meta, hoje em 6,5%, Tombini afirmou: “A inflação está hoje na faixa de 7,30%. O teto da meta é 6,50% e nós entendemos que será possível passar por baixo do teto da meta. A inflação estará ao redor desse nível ao final do ano, um recuo de quase um ponto porcentual do número que ela está hoje em 12 meses”, disse.

O presidente do BC disse que o comportamento da inflação mudou. “Nos últimos cinco meses, a inflação média ficou em torno de 0,34% ao mês. Anualizada, essa inflação é em torno de 4,11%. Na meta. O padrão da inflação já mudou”, disse em audiência pública no Senado. Um dos motivos para a mudança de patamar da inflação é o efeito atrasado do aperto monetário decidido no primeiro semestre do ano que, mesmo com o corte do juro em agosto, ainda tem efeito líquido positivo, de alta, de 1,25 ponto porcentual.

Além disso, relatou Tombini, há o efeito da crise internacional e as previsões de menor crescimento da economia global. Outro aspecto são os preços das commodities que passam a ter papel cada vez mais benigno na inflação. “Estamos de olho na inflação, que vai recuar a partir de outubro. Os números já mostram sinais de compatibilidade com o centro da meta. Estamos numa boa trajetória”, disse.

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(com Agência Estado)

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