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BC eleva taxa básica de juros para 11,25% ao ano

O aumento de 0,5 ponto porcentual é o primeiro desde julho do ano passado. Economistas ouvidos pelo site de VEJA elogiaram a decisão.

Por Derick Almeida
19 jan 2011, 19h21

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou nesta quarta-feira o aumento da taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto porcentual, para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime e sem viés. Segundo comunicado do Copom, a medida dá “início a um processo de ajuste da taxa básica de juros, cujos efeitos, somados aos de ações macroprudenciais, contribuirão para que a inflação convirja para a trajetória de metas”. Desde julho do ano passado, que a Selic não sofria alteração (veja quadro).

A decisão veio ao encontro das expectativas dos analistas ouvidos pelo site de VEJA. De acordo com Celso Toledo, economista da LCA Consultores, este aumento, após seis meses de estabilidade, mostra o comprometimento da instituição com a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5% em 2011. “Este ‘novo’ Banco Central tem de construir uma reputação. Em 2010, a autoridade monetária deixou os preços saírem um pouco do controle. Esta é a hora de o BC deixar bem claro ao mercado de que isso não será problema neste ano”.

Ainda assim, projeções da LCA Consultores apontam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, que é o indicador oficial de inflação, ainda assim ficará entre 4,8% e 5% – assumindo as hipóteses de que o BC mantenha essa postura firma e que a política fiscal consiga conter a expansão dos gastos públicos. Cabe destacar que, ainda que acima do centro, um IPCA desta magnitude ainda significaria cumprimento da meta, pois o BC trabalha com uma margem de tolerância de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

Robert Wood, analista sênior para América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), avalia que o BC agiu na medida: não se mostrou nem permissivo, caso tivesse aumentado a Selic em apenas de 0,25 ponto porcentual, nem demasiadamente rigoroso, caso houvesse decidido por uma alta de 0,75 ponto porcentual.

Uma elevação superior a 0,5 p.p., a propósito, abriria uma pequena crise entre o mercado e o BC. O primeiro temor é de que a instituição possuiria alguma informação que o mercado ainda não teria captado. Até aí, o problema não seria tão difícil de ser administrado porque é normal o BC ter um grau de conhecimento da conjuntura econômica superior aos dos analistas. O grande problema é que alguns economistas poderiam chegar à conclusão de que foram enganados nas últimas manifestações públicas da autoridade monetária.

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No final de 2010, o BC vinha mantendo a posição de que a inflação estaria sob controle, ao passo que os analistas subiam o tom de alerta diante da aceleração dos preços. Esta justificativa permitiu, inclusive, que o Copom mantivesse os juros em 11,75% em sua última reunião do governo Lula. Somente na última comunicação com o mercado, por meio do Relatório de Inflação, o BC ‘falou grosso’ e externalizou sua preocupação com a inflação. Estava aberto o caminho para que o novo presidente do órgão, Alexandre Tombini, anunciasse um aumento dos juros já na primeira reunião do ano.

Para Wood, o governo iniciará um ciclo de alta da taxa Selic que culminará, no final de 2011, em 12,25%. “Alexandre Tombini e seus diretores subirão, mais uma vez, a Selic em 0,5 ponto porcentual na próxima reunião e, dependendo de como a economia responder, 0,25 p.p. ou 0,5 p.p. na terceira”, detalhou. Este cenário apenas se concretizará, assegurou o economista, se Dilma Rousseff e sua equipe economia conseguirem cortar gastos da ordem de 40 bilhões de reais no orçamento federal.

Real valorizado – Um aumento na taxa de juros leva, inexoravelmente, a uma entrada mais acentuada de capital estrangeiro na economia brasileira. “A entrada de dólares tende a aumentar consideravelmente conforme o BC atua na economia. O investimento estrangeiro no Brasil está em busca do diferencial de juros”, explica Wood. Em outras palavras, a rentabilidade trazida pelos títulos negociados no Brasil, indexados a Selic, são muito maiores que em outros países.

Com maior entrada de dólares na economia, o real se aprecia.”Este é o dilema. O governo já manifestou o desconforto com a perda de valor da moeda americana e já indicou que vai tomar atitudes para fazer com que ela volte a se valorizar”, destacou Toledo.

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