Banco Central: redução do desemprego no Brasil não é sustentável
Diretor de Política Econômica do BC Carlos Hamilton Araújo diz que mercado de trabalho deve passar por uma correção nos próximos trimestres, com aumento do desemprego
O cenário de redução do desemprego, com taxas de desocupação atingindo mínimas históricas, não deve perdurar nos próximos trimestres. A avaliação foi feita pelo diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, nesta segunda-feira, durante apresentação do mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Hamilton disse que “em linha com o ciclo econômico, o mercado de trabalho deve passar por uma correção nos próximos trimestres”. Ele ponderou, no entanto, que o BC não faz previsões para taxa de desemprego.
De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que analisa apenas as seis principais regiões metropolitanas do país, em agosto, a taxa de desemprego no país fechou o mês em 5%, o menor nível de desocupação para meses de agosto desde o nível da série histórica, em 2002.
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Relatório – No RTI divulgado nesta segunda-feira, o BC reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano de 1,6% para 0,7%, ao mesmo tempo em que manteve praticamente inalterada sua visão sobre a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A previsão central associada ao cenário de referência (considerando Selic a 11% ao ano e dólar a 2,25 reais) está agora em 6,3%, ante 6,4% na estimativa anterior, de junho.
Hamilton defendeu que o cenário desenhado pela instituição não está defasado em função do câmbio atual. Ele admitiu que o repasse do movimento do dólar para a inflação existe e acrescentou que, se no RTI de dezembro a divisa norte-americana ainda estiver acima de R$ 2,40, as projeções serão revisadas.
“A evidência do repasse depende do tamanho da variação da taxa de cambio, de como esse repasse é percebido pelos agentes e da posição da economia no ciclo econômico”, observou.
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Política fiscal – Hamilton admitiu pela primeira vez que a política fiscal será expansionista em 2014. Ele afirmou que a hipótese de neutralidade, do ponto de vista da inflação, não deve se confirmar, sinalização que já havia sido dada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Ele ainda afirmou que a dinâmica da política fiscal levou a condições financeiras mais apertadas e a uma perda de confiança dos agentes de mercados. Para 2015 e 2016, no entanto, ele avalia que as evidências apontam para uma política fiscal mais neutra. “A política fiscal, no próximo ano, é mais importante do ponto de vista de fortalecer a confiança dos agentes do que para conter os desequilíbrios de demandas e oferta”, ponderou.
(Com Estadão Conteúdo)