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Argentina quer suspensão do pagamento a credores

Governo Kirchner vai pedir à Justiça dos EUA mais tempo para negociar

Por Da Redação
23 jun 2014, 17h06

A Argentina anunciou nesta segunda-feira que pedirá a suspensão temporária da obrigação de pagar 1,33 bilhão de dólares a fundos de hedge (também chamados no país de fundos abutres, por sua natureza especulativa). O país latino perdeu uma longa batalha legal nos Estados Unidos na segunda-feira passada contra os fundos. O pedido de suspensão foi feito ao próprio juiz que bateu o martelo, Thomas Griesa. Desesperada, a Argentina tenta ganhar tempo para negociar com os holdouts – credores que não aceitaram os termos de troca de dívida oferecidos pelo governo de Cristina Kirchner em 2005 e 2010.

“Nós achamos essencial que o juiz Griesa tome uma medida suspensiva para que a Argentina possa continuar pagando normalmente aos credores da reestruturação”, disse o ministro da Economia, Axel Kicillof, à imprensa. Ele acrescentou que o país vai apresentar, por meio de seus advogados, um documento ao juiz com suas reivindicações. A data limite estabelecida pela Corte americana para o pagamento dos 1,33 bilhão é 30 de junho.

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Argentina quer estender prazos para conseguir pagar dívida com fundos

No domingo, o jornal argentino La Nación, citando fontes do governo Kirchner, afirmou que a Argentina estuda a possibilidade de fazer um pagamento em dinheiro entre 300 milhões e 400 milhões de dólares para demonstrar sua boa vontade em quitar o débito. Com isso, ela negociaria a ampliação do prazo para pagamento do restante da dívida com os fundos, por meio de novas emissões escalonadas de títulos públicos.

O que são fundos abutres?

Fundo abutre é um jargão do mercado financeiro usado para classificar fundos de hedge que investem em papéis de países que deram calote – atuam, em especial, na América Latina e na África. Sua atuação é perfeitamente legítima. O termo abutre foi criado para diferenciá-los dos fundos convencionais, justamente por trabalharem como ‘agiotas’ de países caloteiros, emprestando dinheiro em troca de ‘títulos podres’. São considerados pelo mercado uma espécie de ‘investidor de segunda linha’. Sua atuação consiste em comprar títulos da dívida de nações em default por valor irrisório para depois acionar o país na justiça e tentar receber ganhos integrais. Os ‘abutres’ compraram os papéis da dívida argentina por 48,7 milhões de dólares em 2001 e querem receber, hoje, cerca de 1 bilhão de dólares. A Argentina, por sua vez, tenta escapar do pagamento. O país teme que, caso aceite pagar os ‘abutres’ integralmente, os 92% de credores que aceitaram a renegociação da dívida em 2005 e 2010 possam buscar na Justiça o direito de receber ganhos integrais. Neste caso, o pagamento poderia reduzir as reservas internacionais do país a praticamente zero. Outro agravante é que, devido ao histórico de calotes e decisões econômicas escandalosas do país, sua credibilidade para negociar com credores está fortemente abalada.

Após dias de tensão, as palavras da presidente argentina trouxeram certo alívio aos mercados. O principal índice da bolsa de Buenos Aires, o Merval, subia 8,32%, aos 8.010,28 pontos por volta de 15h25. Outro rumor que influenciou os mercados nesta segunda é a entrada de bancos de investimentos no financiamento ao governo argentino. Segundo o próprio La Nación divulgou nesta segunda, algumas instituições, entre elas Goldman Sachs, Bank of America Merril Lynch, Morgan Stanley, JP Morgan e o UBS, estariam interessadas em comprar a dívida argentina com uma taxa de corretagem de 0,5%.

A Argentina tem resistido há anos a pagar a dívida com os fundos. O argumento do país é que, ao pagá-la, acaba prejudicando os interesses de 92,4% dos credores que aceitaram renegociar a dívida e tiveram perdas milionárias de capital em 2001-2002. O governo Kirchner explicou que o pagamento da dívida não reestruturada poderia provocar processos de antigos credores de até 15 bilhões de dólares.

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(com agência Reuters)

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