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Apple sacrifica mercado brasileiro de iPhone para abastecer EUA

Companhia teria desviado produção para suprir demanda da operadora Verizon

Por Ana Clara Costa
1 mar 2011, 16h19

Apple e operadoras brasileiras de celular garantem: lojas no país estarão reabastecidas de iPhone 4 até o final deste mês

Há mais de dois meses, poucos brasileiros têm conseguido adquirir o iPhone 4, a última versão do smartphone da Apple. O produto simplesmente desapareceu das lojas das operadoras de telefonia celular desde o Natal, gerando uma espécie de ansiedade coletiva nos consumidores fieis à marca. A razão para o sumiço não foi explicada pela empresa de Steve Jobs, que, no Brasil, não se pronuncia sobre o assunto. No entanto, fontes ligadas à Apple no país afirmaram ao site de VEJA que o desabastecimento do mercado doméstico (e também do latino-americano) ocorre porque, desde dezembro de 2010, os estoques dos aparelhos, que são produzidos na China, têm sido direcionados à operadora americana Verizon.

Desde 10 de fevereiro de 2011, os clientes Verizon podem adquirir aparelhos e planos para iPhone. Antes disso, apenas a concorrente AT&T tinha a licença exclusiva de comercialização nos EUA. Aguardando uma demanda expressiva tão logo começassem as vendas da Verizon, a Apple intensificou a produção do smartphone junto a seus fornecedores chineses, sobretudo a gigante Foxconn. Outro detalhe ajuda a explicar os problemas de abastecimento do aparelho. A tecnologia de celular usada pela Verizon nos planos para iPhone é o CDMA; e não o GSM, como ocorre no Brasil e na maior parte do mercado mundial. Logo, os fabricantes tiveram de concentrar esforços no desenvolvimento e produção de uma linha específica. Resultado: mesmo que parte destes iPhones eventualmente encalhe nas lojas da Verizon, não seria possível direcioná-la a outros mercados em que o produto está em falta – sendo a América do Sul o principal deles.

Na Europa e na Ásia, o desabastecimento ocorreu no segundo semestre de 2010, logo após o lançamento do produto. A oferta, no entanto, parece estar normalizada. Na Alemanha, França, Espanha e Reino Unido, é possível adquirir o aparelho pela loja online da Apple. A entrega, segundo o site, ocorre em até uma semana. Já na China, não há notícias de falta de estoque desde o final de 2010. A Apple, inclusive, está próxima de fechar um acordo com uma nova operadora chinesa, a China Telecom, para a venda de iPhone 4 também com tecnologia CDMA, de acordo com reportagens locais.

O resultado dessa estratégia ainda é uma incógnita. Nos EUA, há divergências sobre o sucesso de vendas do iPhone da Verizon porque não há números oficiais, apenas estimativas de analistas. O site americano ‘The Street’ publicou uma reportagem afirmando que foram vendidos cerca de 1 milhão de aparelhos apenas no primeiro fim de semana de lançamento. O número, caso seja confirmado pela Verizon, ainda é inferior ao que a AT&T apresentou quando lançou o iPhone 4 em junho de 2010 – de cerca de 1,7 milhão de unidades vendidas no primeiro fim de semana.

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Mesmo que um eventual insucesso da estratégia da Verizon desaponte o mercado, há um abismo que separa suas vendas e os números praticados no Brasil. Para se ter ideia, segundo a consultoria Gartner, a Apple vendeu 711 mil iPhones no país entre 2008 e 2010. Já a Verizon possui, além do milhão vendido em apenas um fim de semana, perspectivas de transferir parcela considerável de seus 94 milhões de clientes para sua base de usuários de iPhone. Cerca de 26% deles já usam algum smartphone. “Se a Apple tiver de escolher um mercado para sacrificar, há motivos para que o Brasil seja um dos primeiros da lista. A carga tributária no país alça o valor do produto a patamares bem superiores aos verificados no resto do mundo. Isso faz com que a margem de ganho da Apple aqui seja menor do que em mercados mais maduros”, afirma uma fonte ligada a uma das operadoras brasileiras.

Operadoras em alerta – Com os consumidores brasileiros, sobretudo os ‘applemaníacos’, desesperados para comprar o novo iPhone, e sem poder dar perspectivas concretas de normalização das vendas, as empresas de telefonia celular brasileiras têm enfrentado semanas difíceis. As conversas com a Apple são constantes e o assunto é sempre o mesmo: quando o mercado será reabastecido. A diretora da área de iPhone para a América Latina, Ornella Indonie, tem feito visitas freqüentes ao país. Em sua última, ocorrida no início de fevereiro, Ornella fez questão de reafirmar à subsidiária e às operadoras que os estoques iriam se normalizar até o final deste mês. A operadora TIM informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que espera receber em março volume maior do que vinha recebendo nos últimos meses. Já a Oi afirmou que já começou a reabastecer suas lojas com o produto.

Estoques baixos – O problema no Brasil foi agravado porque a Apple trabalha, de fato, com estoques muito baixos em todo o mundo. A estratégia é interessante para a empresa, já que evita acúmulos desnecessários. No entanto, quando há expansão da demanda, a renovação de estoques tende a ser mais lenta no país, pois depende da burocracia inerente ao processo de importação. “É uma estratégia mundial, mas que afeta muito o Brasil. Nós nunca tivemos toda a quantidade de lotes que gostaríamos”, afirma um executivo de uma grande operadora.

(com a colaboração de Renata Honorato e Rafael Sbarai)

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