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Em dia de tensão na bolsa, ações da Eletrobras derretem

Na quarta-feira, diretoria da estatal soltou nota dizendo que vai aderir à proposta do governo de renovar concessões, com expressiva perda de receita

Por Da Redação
16 nov 2012, 18h27

Em um dia marcado pela tensão com a aproximação de uma possível crise fiscal nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) viu as ações preferenciais da Eletrobras sofrerem um tombo. Os investidores continuam a castigar a companhia diante dos impactos negativos sobre seu faturamento da renovação antecipada das concessões. Os papeis da estatal fecharam com queda de 11,52% – sua maior queda diária desde 12 de novembro de 2008.

Antes do feriado, na quarta-feira, a empresa de energia elétrica havia divulgado lucro líquido consolidado de 1 bilhão de reais no terceiro trimestre, com declíno de 36% ante os 1,56 bilhão de reais auferidos no mesmo período do ano passado. Contudo, a principal informação a mexer com o humor dos investidores foi a indicação da diretoria da empresa de que optará pela renovação antecipada e condicionada das concessões que venceriam de 2015 a 2017. A decisão, no entanto, ainda tem de ser validada em assembleia de acionistas. Estudo do Instituto Acende Brasil prevê que a companhia vai perder 20 bilhões de reais de 2013 a 2017, exclusivamente com a redução da tarifa que decorrerá desta decisão. Esta é a diferença entre o quanto a empresa teria de faturamento com a continuidade do contrato até 2017 nas condições anteriores e o quanto passará a receber pelo megawatt-hora a partir de 2013, ao optar pela renovação.

Diante desses números, as ações PNB da Eletrobras lideraram as quedas do Ibovespa e encerraram com declínio de 11,52%. As ordinárias (ON), por sua vez, caíram 2,43%, a 9,25 reais. Nesta quinta-feira, em Nova York (não houve pregão no Brasil), os ADRs EBR.B – que representam os papéis PNB da empresa – caíram 5,90%, cotados a 5,90 dólares, enquanto o EBR – que equivale às ações ordinárias – cedeu 3,27% para 4,44 dólares.

O que esperar – “Esqueça os resultados do terceiro trimestre, as renovações de concessões são o que importam”, escreveram analistas do Bank of America Merrill Lynch em relatório. A renovação implicará baixa contábil superior a 15 bilhões de reais e perda anual de receita de 9,6 bilhões de reais ante o patamar atual, segundo cálculos da própria Eletrobras no demonstrativo de resultado.

“Um conflito de interesse entre buscar os melhores interesses da Eletrobras e reduzir as tarifas para consumidores finais está na mão do governo brasileiro – responsável tanto por determinar as condições de renovação e por aceitar os termos como acionista controlador”, disse o BofA Merrill Lynch em relatório.

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O governo da presidente Dilma Rousseff anunciou em setembro um plano para reduzir as tarifas de energia no próximo ano em 20%, na média. Desde então, a ação preferencial da Eletrobras acumula desvalorização de 38%.

Acionistas em crise – Os acionistas da Eletrobras deliberarão em assembleia, em 3 de dezembro, sobre a renovação antecipada. A diretoria da estatal lhes recomendou tomar essa decisão, numa ação simultânea ao pedido de renúncia do representante dos minoritários no Conselho de Administração da estatal. Em sua carta de renúncia, o conselheiro José Luiz Alquerés disse que “temos visto medidas do governo – até bem intencionadas na origem – destruírem brutalmente valor”, por não considerarem a realidade do mercado. “O pedido de desligamento do representante dos minoritários sinaliza a forte pressão que o governo tem feito sobre o Conselho no sentido de fazê-la aceitar a renovação mesmo com toda a perda de receita”, escreveram analistas da Ativa Corretora em relatório.

Bolsa – A Bovespa amargou mais um dia de queda nesta sexta-feira, após pausa na véspera para o feriado nacional da Proclamação da República. Incertezas sobre a situação fiscal dos Estados Unidos e uma nova recessão na Europa fizeram com que o índice referência, o Ibovespa, fechasse o pregão com perda de 1,56%, aos 55 402 pontos – no menor nível de fechamento desde 26 de julho. Na semana, o índice acumulou queda 3,41% – a maior desvalorização desde a última semana de setembro.

As incertezas e riscos no cenário externo continuam pesando no mercado de capitais, um dia após a notícia de que a Europa entrou em recessão pela segunda vez desde 2009 e com investidores acompanhando negociações para evitar o chamado “abismo fiscal” nos EUA.

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“É mais do mesmo, mas essas questões todas ainda preocupam”, avaliou o analista Aloisio Villeth Lemos, da Ágora Corretora. “O quadro de curtíssimo prazo é preocupante. Nós temos expectativa de recuperação para o ano que vem, mas não tem como ir contra as evidências.”

A proximidade do vencimento de opções sobre ações na Bovespa, que ocorrerá na segunda-feira, pressionou as ações, como as preferenciais da Petrobras e da Vale, que amargaram quedas de, respectivamente, 3,89% e 2,75%. A petroleira OGX, do bilionário Eike Batista, caiu 1,09%. PDG Realty também ficou entre as principais quedas da sessão, com baixa de 7,32%. O mercado reagiu mal aos resultados da construtora e incorporadora no terceiro trimestre.

Em sentido oposto, destaque para a alta de 9,06% da varejista de comércio eletrônico B2W. Após resultados melhores da B2W no terceiro trimestre, analistas do Bank of America Merrill Lynch elevaram a recomendação e o preço-alvo para o papel.

O giro financeiro do pregão foi de 6,6 bilhões de reais, ante a média diária de 7,2 bilhões de reais em 2012.

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(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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