Anfavea admite que montadoras devem aumentar preços
Associação afirma que cada montadora decidirá como ficarão os preços após a redução do desconto de 2,5% decorrente do fim do IPI menor
O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, afirmou nesta segunda-feira que é decisão de cada montadora como atuará em relação ao fim gradual do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor entre janeiro em junho. No entanto, Moan admitiu que “o retorno gradual do IPI implica, sim, em redução gradual do desconto de 2,5%, na média, nos preços e de 2,65% no caso dos carros populares”, disse. “Preço não é questão da associação, é questão individual de cada empresa, que deve adotar nova tabela”, completou o executivo.
De acordo com ele, 243.571 mil veículos tinham sido faturados e estavam nos estoques das concessionárias no início de 2013, portanto com o IPI ainda com desconto, e eram suficientes para 20 dias de vendas. Os estoques das montadoras estavam em 4 dias e, na soma com as concessionárias, chegavam a 295 mil unidades, para um total de 24 dias. Em janeiro de 2012, o estoque total era de 347,8 mil unidades, ou 30 dias de consumo.
Tributos – A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos entre o final de maio e dezembro de 2012 gerou uma média diária de 10,1 milhões de reais em tributos (ou um total de 1,5 bilhão de reais), graças ao aumento das vendas no período, na estimativa da Anfavea. As montadoras criaram 4,9 mil empregos nos sete meses em vigor da medida.
A redução do IPI, segundo a Associação, trouxe uma queda da receita diária de 19,3 milhões de reais com o imposto. No entanto, as receitas diárias com o PIS/Cofins aumentaram em 13,3 milhões de reais, as do ICMS subiram 12,9 de reais milhões e as do IPVA cresceram 3,2 milhões de reais. De acordo com Luiz Moan, a queda do IPI e outras medidas adotadas pelo governo para o setor, como o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), foram responsáveis por cerca de 400 mil dos 3,8 milhões de veículos comercializados no Brasil em 2012.
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Os dados mostram que 2012 começou com uma alta de 9,6% nas vendas de veículos, mas o cenário foi revertido, em maio, para uma queda de 4,8% nos emplacamentos acumulados até então. No ano, graças às medidas tributárias, houve um aumento ante 2011 de 4,6% nas vendas.
Já a média diária, que era de 12,4 mil unidades vendidas entre janeiro e maio, passou para 16,2 mil unidades de junho a dezembro. “Aumentamos as vendas após as medidas em 30,6% e acertamos a previsão de alta de 4,5% a 5% de alta nas vendas em 2012, graças aos estímulo ao consumo”, disse o executivo.
Em dezembro, a média diária de automóveis e comerciais leves vendidos ficou em 18.098 veículos, alta de 21,8% sobre as 14.854 de novembro. Já as vendas diárias de caminhões ficaram em 663 em dezembro, alta de 5,2% sobre novembro.
Emprego – Moan avalia que o nível de emprego do setor, em torno de 150 mil trabalhadores, com alta de 4,9 mil empregados desde maio, após a redução do IPI, deve ser mantido, como foi prometido no acordo entre montadoras e o governo. “Segue a garantia do nível de emprego. Apesar de ser um compromisso setorial, do ponto de vista de empresa, tem compromisso individual”, explicou Moan.
Ainda segundo o vice-presidente da Anfavea, o retorno gradual do IPI no primeiro semestre não trará impacto nas vendas e na produção, ao menos no primeiro semestre. “Acreditamos que o mercado seguirá crescendo, que o segundo semestre é sempre melhor do que o primeiro e que esse gradualismo de retorno do IPI no primeiro semestre é a melhor forma de manter as vendas”, completou.
(com Estadão Conteúdo)