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Aneel alerta sobre risco de desabastecimento na Copa – e volta atrás

Segundo último relatório da agência, datado de dezembro, maior parte das distribuidoras não cumpriram cronograma de obras prioritárias para o evento esportivo

Por Naiara Infante Bertão
22 jan 2013, 19h40

Há riscos, ainda que pequenos, de o fantasma do desabastecimento de energia assombrar o país durante a Copa do Mundo de 2014. Em sua quarta e mais recente nota técnica sobre o andamento das obras do setor elétrico para a o Mundial, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirma que as concessionárias de distribuição estão atrasando a execução das obras de expansão da rede – e devem acelerar urgentemente os trabalhos para conseguir cumprir o cronograma do evento. O alerta foi divulgado pela agência em dezembro de 2012.

No texto, a Aneel não descarta o fato de alguns – ainda que poucos – atrasos colocarem em risco o abastecimento de energia em cidades-sede. “É importante comentar que a maioria desses atrasos não oferece risco iminente ao abastecimento de energia para a Copa de 2014”, escreveu a agência.

‘Não é bem assim’ – Após reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira, fazendo referência ao risco de desabastecimento, a agência voltou atrás e disse que “os atrasos das obras de distribuição não oferecem risco ao abastecimento de energia para a Copa de 2014”. A agência argumentou que a nota técnica avaliava o desempenho do terceiro trimestre de 2012 – e que as obras necessárias a partir de agora são de “baixa complexidade e permitem sua implantação em prazos muito curtos”.

O diretor-geral da Aneel, Nelson Hübner, ao ser questionado sobre o assunto, endossou o discurso oficial da agência, dizendo que não há risco de falta de energia nos estádios e cidades da Copa “de jeito nenhum”. Hübner confirmou que existem atrasos, mas ponderou que a maioria é composta por projetos secundários, de apoio para o sistema. “As obras que são prioritárias serão concluídas antes dos eventos”, completou.

Relatório – A afirmação de Hübner contradiz – e muito – a nota técnica da Aneel. A agência, que é responsável pela fiscalização das obras prioritárias do setor para a Copa, realiza reuniões trimestrais com as concessionárias para avaliar o andamento dos trabalhos. Na nota técnica publicada em dezembro, a agência detalha, em especial, a situação das obras das concessionárias de distribuição AmE (Manaus), CEEE (Porto Alegre), a CEB (Brasília), Light (Rio de Janeiro) e Cemig (Belo Horizonte) – todas com projetos em atraso. O exemplo mais preocupante é o de Porto Alegre, cidade com o maior número de obras atrasadas. Dos 26 projetos executados pela CEEE, apenas um está em dia. No relatório, a Aneel afirma ser “conveniente tomar medidas junto à concessionária”.

De acordo com o texto, caso algumas obras não fiquem prontas até a Copa, há alternativas para compensá-las e suprir a demanda energética. “A dinâmica natural da construção e da operação dos sistemas de distribuição de energia elétrica permite que parte das obras seja substituída por soluções de engenharia alternativas das cidades-sede dos jogos, mesmo que uma fração das instalações inicialmente propostas não seja tempestivamente concluída”, consta no relatório. Ou seja, o próprio órgão regulador sugere formas de “dar um jeitinho” para que as coisas sejam solucionadas, apesar do reconhecido atraso.

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Elétricas se defendem – No caso da CEEE, apontada pelo relatório como a concessionária com o maior número de obras atrasadas (cerca de 96%), seu presidente, Sérgio Souza Dias, afirmou ao site de VEJA que o cronograma está sendo seguido. Ele garante que, das 26 obras em andamento, a maior parte será concluída até dezembro de 2013. Ele disse ainda que todas deverão estar prontas até fevereiro de 2014, quatro meses antes do início dos jogos. “Não estamos preocupados com isso. Nosso gargalo não é a Copa do Mundo”, explicou Dias. O executivo disse ainda que, quando Porto Alegre ficou fora da lista de cidades que sediariam a Copa das Confederações este ano, o cronograma de obras foi ampliado, para que a empresa conseguisse linhas de financiamento mais baratas. “Mas tudo foi acordado com a Aneel”, garante o presidente.

Em nota, a Light insiste que o cronograma de realização dos eventos da Copa na cidade do Rio de Janeiro está sendo cumprido. No relatório de dezembro, a Aneel afirmou que foi constatado aumento no número de obras atrasadas na Light, em comparação com a análise anterior, publicada em setembro. Já no relatório de dezembro, a concessionária apresentava 41% das obras atrasadas. A companhia de energia do Rio destaca que, em janeiro, a situação melhorou e, de um total de 12 obras em andamento, que correspondem a 115 milhões de reais em investimentos, apenas duas estão atrasadas. “A evolução desses investimentos tem sido objeto de acompanhamento do MME (Ministério de Minas e Energia) e da Aneel”, afirmou a Light, acrescentando que todas as obras relacionadas ao fornecimento do estádio do Maracanã estão concluídas.

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No caso de Belo Horizonte, das 37 obras que a Cemig se comprometeu a realizar para a Copa, a Aneel afirma que 15 estão atrasadas ou apresentam alguma divergência do cronograma proposto originalmente. A companhia mineira, em nota, culpou a burocracia. A Cemig explica que 11 obras de alta tensão previstas para 2014 tiveram o cronograma revisado devido a atrasos na obtenção de licenças ambientais e complexidade de implantação dos projetos. A elétrica garante, no entanto, que as obras principais – as subestações que atendem o Mineirão e o Aeroporto Internacional de Confins – já foram entregues.

Com relação às obras de média tensão, a Cemig informa que os cronogramas foram revisados em função da necessidade de adequação aos recursos disponíveis em 2012, mas argumenta que as novas datas não terão impacto sobre os eventos esportivos deste ano e do ano que vem. Com relação às obras de manutenção da rede subterrânea da LDMT BH Centro e BH Barro Preto, a Cemig informa que o prazo correto é maio de 2014, e não está previsto atraso para essa obra.

O relatório da Aneel afirma ainda que foram constatados atrasos em 5 das 10 obras prioritárias para a Copa na AmE, da Amazonas, e que a CEB, de Brasília, apresenta o maior número de divergências entre o prazo de conclusão da obra inicialmente acordado com a agência e a data informada recentemente. “As obras em atraso representam riscos de não abastecimento do estádio na Copa das Confederações”, destaca a Aneel. As duas empresas não haviam retornado pedido de entrevista até o fechamento desta reportagem.

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