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Alvo do petrolão, refinaria de Pasadena está parada

Em menos de um ano, refinaria que rendeu prejuízo de quase 700 milhões de dólares à Petrobras passou por onze paralisações

Por Ana Clara Costa
6 abr 2015, 21h30

A refinaria de Pasadena, no Texas, considerada o pior negócio já feito pela Petrobras, está com diversas unidades de produção paradas há mais de um mês. Trata-se da segunda grande parada industrial em cinco meses. Em outubro do ano passado, a refinaria também teve unidades paralisadas, alegando manutenção. A planta, adquirida pela Petrobras da empresa belga Astra Oil num negócio avaliado em 1,9 bilhão de dólares – e que, hoje se sabe, resultou em pagamento de propina a Paulo Roberto Costa – tem capacidade para produzir cerca de 100 mil barris de petróleo por dia. Mas, devido à precariedade de seu maquinário – a refinaria é uma das mais antigas do Golfo do México -, manutenções sucessivas nem sempre permitem que a planta opere em sua capacidade máxima.

Para se ter uma ideia, apenas em março, cinco das seis unidades de produção foram interrompidas, segundo relatório enviado pela empresa à Agência de Energia dos Estados Unidos. A unidade de destilo ficou 28 dias sem funcionar, enquanto a de refino, 31 dias. Em outubro, a unidade de craqueamento catalítico – um dos processos químicos que transforma o petróleo em combustível – também ficou paralisada por cerca de um mês.

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Pasadena: Mau, não. Péssimo negócio

As paralisações são procedimento comum para permitir a manutenção em refinarias de petróleo. A própria Petrobras afirmou, em nota, que as paradas são programadas e que o funcionamento normal deve ser retomado nos próximos dias. “As paradas programadas para manutenção de unidades de processo fazem parte da rotina operacional da indústria de refino, visando assegurar operações seguras e eficientes”, disse a estatal em nota. Contudo, segundo o relatório obtido pelo site de VEJA, trata-se da primeira vez, desde que a refinaria foi adquirida, que uma sucessão de paradas dessa magnitude, em intervalo tão curto, é feita.

As informações fornecidas à Agência do governo americano mostram paradas pontuais desde 2008 – dois anos depois de a Petrobras se associar à belga Astra para comprar a refinaria. Naquele ano, o período máximo em que uma unidade ficou sem funcionar foi de 15 dias – devido a uma explosão. Em 2009, apenas uma parada de seis dias foi feita. Em 2011, ano em que explosões também foram reportadas, a refinaria chegou a ficar mais de um mês parada. Contudo, entre junho de 2014 e março deste ano, por onze vezes unidades foram paralisadas. Algumas por mais de 30 dias.

Um engenheiro ouvido pelo site de VEJA e que conhece as dependências de Pasadena afirmou que o perfil dos desligamentos é superior ao desejado para uma refinaria moderna, mas compreensível em se tratando de uma unidade industrial com a idade da refinaria. A planta da multinacional Valero, vizinha da subsidiária da Petrobras em Pasadena, passou por apenas uma parada entre 2014 e 2015. Já a Lyondell Chemical, também nas redondezas, teve duas paradas.

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A Petrobras já tentou vender a refinaria – e estava disposta a amargar prejuízo na venda só para não precisar injetar mais dinheiro no negócio, conforme revelou VEJA em reportagem publicada em 2012. Quando a malfadada tentativa se tornou pública, a empresa desistiu do negócio. A Petrobras possui as refinarias de Okinawa, no Japão, e a de Bahía Blanca, na Argentina. Há alguns dias, diante da falta de compradores para seus ativos no exterior, a estatal confirmou que deu início ao encerramento de suas operações no Japão. A da Argentina ainda está em funcionamento.

Velha e sucateada – O estado de conservação da refinaria é a origem de todos esses problemas. A planta foi construída em 1920, pela Crown Central Petroleum, e não passou por nenhuma grande modernização nos últimos cinquenta anos. Para todos que navegam pelo Houston Ship Channel, a principal via de escoamento dos derivados de petróleo produzidos na região, o cartão de visita da PRSI é uma instalação queimada, caindo aos pedaços. Trata-se justamente da estrutura que explodiu em 2011. Os escombros nunca foram removidos.

A Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que a compra da refinaria de Pasadena representou prejuízo de 659,4 milhões de dólares para a Petrobras. Os valores incluem a compra da planta industrial, as cifras desembolsadas no procedimento arbitral pago pela empresa e o dinheiro repassado no acordo extrajudicial com a belga Astra Oil, ex-parceira na transação.

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