Alemanha quer plano rígido para evitar novos escândalos como o da carne de cavalo
Falhas na rede de detecção de irregularidades devem ser consertadas rapidamente; criação de um sistema único na Europa pode melhorar a eficiência na descoberta de fraudes; na Grã-Bretanha, quase um terço dos adultos parou de consumir alimentos prontos
A Alemanha anunciou nesta segunda-feira um plano de ação nacional para frear o escândalo europeu do uso fraudulento de carne de cavalo em alimentos processados que irá além da proposta da Comissão Europeia.
Foi o que anunciou Ilse Aigner, ministra de nutrição, agricultura e defesa do consumidor, depois de se reunir em Berlim com os representantes do ramo alimentício de todos os estados federados.
Durante a reunião, foi estabelecido aprovar mais sanções para os produtores, maior controle na rede de distribuição e uma melhora do acompanhamento dos alimentos através dos rótulos.
Ilse, que afirmou que o plano será implementado “o mais rápido possível”, destacou, da nova proposta, o estabelecimento de um “sistema de alarme adiantado” efetivo e uma equipe de competências por níveis administrativos – europeu, nacional e regional – que melhore sua eficiência.
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O programa, que ainda deve ser articulado tecnicamente, parte da base que a atual rede de detecção de irregularidades no setor alimentício falhou, como ficou patente com o escândalo da carne de cavalo em alimentos que deviam conter exclusivamente carne bovina.
Ainda não se sabe, reconheceu a ministra, se os casos descobertos de carne de cavalo são representativos do alcance do escândalo ou “se isso é só a ponta do iceberg”.
Os dez pontos do plano de ação visam a melhorar o controle sobre os alimentos, obrigar os distribuidores a informar sobre qualquer anomalia detectada em seus produtos e aumentar as punições legais aos fraudadores, tanto em nível econômico quanto penal.
Enquanto isso, os casos de produtos com carne de cavalo etiquetados de forma enganosa continuam surgindo na Alemanha, onde vários grandes distribuidores como Lidl, Aldi e Tengelmann retiraram diferentes pratos preparados.
Além disso, foram registrados pelo menos três positivos em teste realizados pelas autoridades sanitárias da região oeste do país.
Grã-Bretanha – Quase um terço dos adultos na Grã-Bretanha parou de consumir alimentos prontos devido ao escândalo, enquanto 7% pararam de comer qualquer tipo de carne, segundo uma pesquisa publicada no último domingo. A pesquisa da ComRes, encomendada pelos jornais Sunday Mirror e The Independent on Sunday, mostrou que 31% dos adultos pararam de consumir alimentos prontos.
De acordo com a pesquisa, 53% dos entrevistados é favorável à proibição da importação de todos os produtos de carne até que sua origem seja verificada. Cerca de 44% consideraram que o governo britânico respondeu bem à crise, enquanto 30% discordaram.
Na sexta-feira passada, a Agência de Padrões de Alimentos (FSA, na sigla em inglês) do país informou que 29 das 2.501 amostras de carne bovina testadas na Grã-Bretanha recentemente continham DNA equino.
(com EFE e Estadão Conteúdo)