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Aeroporto da Olimpíada de 2016 é uma prova de resistência para os passageiros

Às vésperas do leilão que deverá entregar o Galeão à iniciativa privada, usuários enfrentam falta de sinalização, escadas rolantes desativadas e problemas de segurança

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
21 nov 2013, 11h21

“Desculpe o transtorno.” Para onde quer que se olhe, a mensagem está por todos os cantos do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Em obras de “modernização” desde agosto de 2012 – que prometem “em breve, um novo Galeão” – o terminal da Olimpíada de 2016 e um dos pontos de entrada de visitantes na Copa do Mundo de 2014 é uma estrutura gigante deteriorada, que submete os passageiros a provas diárias de resistência e paciência. Nesta sexta-feira, o leilão de concessão deverá entregar ao setor privado a administração do aeroporto – e, espera-se, encerrar uma era de sufoco para os passageiros.

O Galeão é o exemplo perfeito de uma estrutura que parou no tempo, sem acompanhar inovações tecnológicas e, principalmente, o aumento no volume de visitantes que o Brasil e o Rio de Janeiro recebem todos os anos. Quem precisa circular entre os terminais 1 e 2 não tem alternativa senão a de fazer uma longa caminhada. Passageiros em trânsito que tentam carregar o celular sentam-se em cantos pelo chão, em busca de tomadas. Desembarcar muitas vezes é sinônimo de uma prova de levantamento de peso: com escadas rolantes desativadas, passageiros precisam descer os degraus carregando sua bagagem.

A reportagem de VEJA percorreu os dois terminais do Galeão na última quarta-feira, um feriado de meio de semana sem grande movimento nos aeroportos. As chilenas Martina Carrasco, de 70 anos, e Cecília Henriques Carrasco, de 46 anos, encontraram a escada rolante parada, “em manutenção”, e passaram, então, a carregar suas malas pela escada até o piso que dá acesso aos táxis. “Descemos com as malas pesadas, porque não havia qualquer informação. Deveria ter uma placa indicando um elevador ou uma escada alternativa. O maior problema desse aeroporto é a falta de sinalização e de informação. Quem não conhece fica perdido”, criticou Cecília.

Terminais – Moradora do Rio, Larissa Carvalho, de 29 anos, também reclamava de falta de informações na tarde de quarta-feira. Ela e o namorado ficaram quase uma hora rodando pelo aeroporto em busca do portão onde a filha dela deveria embarcar para o Nordeste. Resultado: ela quase perdeu o voo. “Cada pessoa dizia uma coisa. Nem os funcionários dão as informações corretas”, reclamou a carioca, que foi do terminal 1 ao 2, a pé, mais de uma vez. “Estava tão desesperada que fiquei indo de um lado para o outro”, contou.

Ela não sabia – e também não foi avisada – de que poderia fazer o percurso em um carrinho usado especificamente para esse fim. Os veículos podem ser usados gratuitamente e levam cinco passageiros por viagem. Entretanto, não funcionam o tempo todo – somente das 7h às 22h. “Depois desse horário, tem que caminhar”, disse um funcionário. As duas esteiras que poderiam aliviar os efeitos dessa maratona ainda estão com trechos interditados.

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O simples ato de carregar o celular também lembra uma corrida com obstáculos. O empresário Francisco Romulo Saraiva, de 56 anos, chegou horas antes de embarcar para Miami, nos Estados Unidos. Ao perceber que a bateria de seu telefone estava no fim, procurou uma tomada, e só encontrou junto a um rodapé do terminal 1. Sem alternativa, sentou-se no chão para esperar o aparelho ser carregado. “É inacreditável que o principal aeroporto de uma cidade como o Rio de Janeiro não ofereça o mínimo de conforto. Espero que o Galeão se modernize após a concessão”, comentou.

Segurança – A falta de segurança é outro grande desafio para os futuros gestores do Galeão. Um relatório da Polícia Civil ao qual o site de VEJA teve acesso indica que a maioria dos furtos acontece no interior dos porões das aeronaves, poucos deles no trajeto até as esteiras. Segundo a polícia, a maioria das empresas aéreas não tem câmeras nos porões. A iluminação nos porões também é insuficiente. Em 2012, foram registrados 775 ocorrências no aeroporto. Em 2013, até 25 de setembro, foram 449 ocorrências.

A Infraero calcula que, com a conclusão da reforma do Galeão, o aeroporto terá sua capacidade aumentada de 21 milhões para 44 milhões de passageiros por ano. A previsão é de que as obras do setor A do terminal 1 sejam concluídas até fevereiro. Nos setores B e C, “a reforma será reavaliada em conjunto com o novo concessionário”, informa a Infraero. A previsão é que os trabalhos do terminal 2 sejam finalizados até abril do próximo ano – a tempo da Copa do Mundo.

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