Abertura de impeachment pesa sobre o dólar
Decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), de aceitar o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff deixará mercado instável
O dólar caía 1,2%, abaixo de 3,80 reais nesta quinta-feira, com investidores recebendo bem a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mas ainda ponderando as implicações da decisão para a economia brasileira e os mercados financeiros. Às 14:10, o dólar recuava 1,28%F, a 3,78 reais na venda, após atingir 3,77.
“A (eventual) saída de Dilma é vista como positiva e representa mudanças. Entretanto, temos que lembrar que o processo é longo e incerto, fragiliza ainda mais o já combalido governo do PT e coloca o país mais perto de perder o seu segundo grau de investimento”, disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.
Na noite passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma. O processo ainda precisa tramitar por diversas etapas antes de resultar em uma votação final que decida o futuro da presidente.
O cenário externo também corroborava o alívio no câmbio, após o BCE reduzir sua taxa de depósito a -0,30% e anunciar a extensão de seu programa de compra de ativos. Nesse contexto, a moeda americana também recuava contra moedas como os pesos chileno e mexicano.
A atuação do Banco Central brasileiro completava o quadro favorável para o real, após a autoridade monetária anunciar para esta tarde leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra. Segundo a assessoria de imprensa da autoridade monetária, a operação não tem como objetivo rolar contratos já existentes.
“O mercado embalou em uma onda de bom humor hoje, mas não acredito que isso dure. A volatilidade deve continuar bastante elevada”, disse o analista de uma corretora internacional.
Leia mais:
Produção industrial cai 0,7% em outubro, diz IBGE
Decisão sobre impeachment acentua volatilidade no mercado
(Com agência Reuters)