Robô disfarçado ajuda cientistas a estudar pinguins
A máquina funciona como um “espião” que coleta informações e materiais sem estressar os animais, incomodando-os o mínimo possível
Investigar a vida selvagem é um desafio para os pesquisadores: como observar o comportamento dos animais sem os perturbar? Um estudo publicado na revista Nature Methods desta semana sugere que a melhor forma de estudar os bichos com o mínimo de interferência é usar robôs disfarçados.
A máquina funciona como um “espião” que coleta informações e materiais sem estressar os animais, incomodando-os o mínimo possível. A equipe internacional de pesquisadores testou um robô com e sem camuflagem de filhote em populações de pinguins-reis (Aptenodytes patagonicus) em Possession Island, no Oceano Índico, e Pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) na Antártica, espécies conhecidas por terem aversão à presença humana.
De acordo com os resultados, as duas versões do robô causaram menos alarme do que a presença humana – conforme demonstrado pela frequência cardíaca e o comportamento das aves. O sósia, entretanto, podia se aproximar mais.
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“Estranho no ninho” – Para verificar o impacto da máquina nos animais, os pesquisadores implantaram etiquetas de identificação eletrônica em alguns pinguins, que podiam ser lidas a uma distância de 60 centímetros. O robô, equipado com uma antena, era capaz de ler os sinais emitidos pelas etiquetas.
Quando o dispositivo ia para perto dos animais, seus batimentos cardíacos aumentavam um pouco. Mas, quando o robô camuflado como um pinguim se aproximava, todos os adultos e filhotes de Imperadores permitiram que ele chegasse próximo o suficiente para a identificação eletrônica. Foi possível ouvir os adultos e os filhotes cantando na direção do robô camuflado, que conseguiu se infiltrar em uma ninhada com o mínimo de perturbação.
Fantasia aprimorada – Ainda em processo de aperfeiçoamento, o robô se destina a esclarecer os padrões de reprodução e comportamento dos pinguins, bons indicadores da saúde dos recursos marinhos no Oceano Antártico. Atualmente, um chip minúsculo com peso de menos de um grama é inserido sob a pele das aves para fazer esse estudo. No entanto, seu alcance é pequeno, forçando os cientistas a se infiltrarem nas colônias para obter os dados de que precisam.
O novo robô pode levar a “uma investigação mais ética, que também evita o incômodo causado pelos cientistas aos animais em seu habitat”, afirmou Yvon Le Maho, da Universidade de Estrasburgo, na França, e um dos autores do artigo.
(Com Agência France Presse)