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Presidente de Uganda manipulou relatório científico para justificar lei contra homossexuais

Yoweri Museveni teria assinado a lei depois um parecer científico dizer que a homossexualidade é causada por um desvio de comportamento. Autores do documento negam a afirmação, informa o site ScienceInsider

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h13 - Publicado em 25 fev 2014, 19h16

O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, alegou ter a ciência a seu lado ao assinar, na última segunda-feira, a lei que estabelece pena de até catorze anos de prisão para gays e prevê prisão perpétua para reincidentes acusados de “homossexualidade agravada”. Museveni disse embasar-se nas descobertas de um certo comitê científico criado pelo Ministério da Saúde do país. “A conclusão unânime foi de que a homossexualidade, ao contrário do que eu inicialmente pensava, tem causas comportamentais, não genéticas”, escreveu Museveni a Barack Obama na última semana, em resposta ao pedido do presidente americano para que não assinasse a lei. “Ela (a homossexualidade) pode ser aprendida e desaprendida.”

Agora, cientistas do comitê afirmaram ao site ScienceInsider que Museveni e seu partido deturparam suas conclusões. “Eles citaram nosso relatório de maneira errada”, disse o psicólogo Paul Bangirana, da Universidade de Makerere, na capital Kampala. “O relatório não diz que a homossexualidade não é genética, nem que ela pode ser desaprendida.” Dois outros membros do comitê, informa o site, pediram renúncia do cargo.

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O comitê de onze membros inclui funcionários do Ministério da Saúde, cientistas da Universidade Makerere e outros pesquisadores. O time foi encarregado de analisar evidências científicas sobre as causas da homossexualidade. Em um relatório preliminar, foi concluído que “não há nenhum gene definitivo responsável pela homossexualidade”; “homossexualidade é um comportamento sexual (não uma doença)”; “homossexualidade não tem apenas uma causa, mas vários fatores estão envolvidos, que variam de indivíduo para indivíduo”.

As conclusões do comitê, porém, foram distorcidas em um release assinado por Evelyn Anite, porta-voz do partido do presidente, o NRM, e divulgado à imprensa. O texto dizia que o presidente assinaria a lei, “já que a questão sobre se alguém pode nascer homossexual ou não estava respondida” (a resposta seria não). Em entrevista ao ScienceInsider, Evelyn negou que o release manipulou as informações do relatório: “Eu não mudei nada. O que eu escrevi foi o que os cientistas disseram”. Evelyn, diz a reportagem, perguntou ao repórter se ele era gay. Membros do comitê dizem foram usados. “Independentemente da conclusão do nosso relatório, esse projeto de lei seria assinado”, diz Bangirana.

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